Ednelza Sahdo, a dama do Carnaval manauara
Quando fizerem um catálogo dos personagens que se destacaram no Carnaval manauara em todos os tempos, Ednelza Sahdo vai estar lá, possivelmente como destaque, já que até hoje desfila como destaque nas escolas de samba, preferencialmente na Aparecida, sua escola do coração.
O Carnaval surgiu na vida de Ednelza quando ela era ainda bem criança.
“No final da década de 1950 o Carnaval de Manaus era realizado na Eduardo Ribeiro. Os brincantes, os blocos de sujos, e os carros alegóricos, ou caminhões, desciam até o Relógio e de lá subiam novamente a avenida, e meu pai, Faiez Sahdo, era o relojoeiro do Relógio Municipal, por isso eu e minha irmã ficávamos lá, com ele, vestidas com as fantasias feitas por nossa mãe. Meu pai aproveitava para vender confetes, serpentina e máscaras de Carnaval”, recordou.
“Eu admirava ver os blocos de sujos, homens vestidos de mulher, brancos de talco e batendo latas, ou então o caminhão do Mocidade Clube, onde desfilavam vários empresários da cidade, e as rainhas dos clubes, no alto dos caminhões”, lembrou.
“Meu pai também era o responsável por fazer a iluminação da Eduardo Ribeiro tanto no Natal quanto no Carnaval, mais um motivo para ficarmos na festa até de noite”, disse.
“Pra completar, nasci no dia 16 de fevereiro de 1945, três dias depois do Carnaval”, riu.
Adolescente, Ednelza começou a frequentar os bailes de Carnaval, no Nacional, no Cleik Clube, no Rio Negro, na União Esportiva Portuguesa, no Ideal.
Em 1967, na União Esportiva Portuguesa, no famoso Baile do Pierrot, Ednelza estreou nos concursos de fantasias.
“Foram mais de 20 anos participando desses concursos, com fantasias feitas por mim mesma”, disse.
Sempre como destaque
E se Ednelza amava os bailes nos clubes, nas ruas a sua paixão pelo Carnaval não era diferente.
No final da década de 1960, e por toda a década de 1970, surgiram e ficaram famosas as batucadas, como a do Nacional, da Balaku Blaku, que depois virou escola de samba, e a batucada do Rio Negro, a mais famosa de todas.
“Nos dias de desfile na Eduardo Ribeiro nos reuníamos no clube e depois saíamos rumo à avenida, batucando, com instrumentos de sopro e às vezes, mesmo sem instrumentos, íamos cantando pelas ruas. As pessoas se divertiam realmente”, afirmou.
Nesse período começaram a aparecer as primeiras escolas de samba, como a Vitória Régia, em 1975, cria da Mista da Praça 14, a pioneira escola de samba de Manaus criada em 1946 e que acabou em 1962.
Uma escola, porém, marcou bastante. A Unidos da Selva, surgida em dezembro de 1970 idealizada pelo militares cariocas que serviam em Manaus no Cigs (Centro de Instruções de Guerra na Selva). A escola chegava a reunir 200, 300 pessoas em seus desfiles e foi lá que Ednelza iniciou sua trajetória como destaque.
“As fantasias que eu disputava nos concursos de fantasias eram as mesmas que eu apresentava enquanto destaque na Unidos da Selva, no alto de um caminhão”, falou.
A Unidos da Selva desfilou pela última vez em 1976, mesmo ano em que Ednelza estreou na Vitória Régia.
“Em 1976 eu ajudei na organização da Vitória Régia, desfilei como destaque e a escola foi campeã. Em 1977 fundei minha própria escola de samba, a Império Amazônico, que só desfilou naquele ano”, contou.
Eterna na Aparecida
Em 1981 seria fundada a escola de samba que marcaria a vida de Ednelza Sahdo para sempre, a Mocidade Independente de Aparecida.
“Eu desfilei na Em Cima da Hora em 1978 e 1979. Quando a escola se desfez, dela surgiram a Reino Unido e a Aparecida, no mesmo ano. Eu fui para a Aparecida como diretora de Carnaval. Ajudei a desenvolver o enredo, criei fantasias junto com o Roberto Carreira e como o mestre sala não tinha porta bandeira, eu disse que seria a porta bandeira sem imaginar que ficaria naquela função por 26 anos”, revelou. Ednelza nunca deixou de desfilar na Aparecida, agora atuando apenas nos bastidores.
Até hoje, aos 75 anos, a dama do Carnaval manauara não perdeu a paixão pelo Carnaval, e não só o Carnaval, mas a cultura como um todo. Ela é mais conhecida em suas atuações como atriz, cantora, diretora e professora de teatro, arte na qual atua o ano inteiro.
“Chego a produzir três a quatro peças anuais”, informou.
Junto com os filhos é diretora da dança regional Lendas e Povos da Amazônia, que se apresenta durante o Festival Folclórico do Amazonas e continua permanentemente envolvida com a produção de fantasias para o teatro, para a dança, para o Carnaval.
“Meus netos também participam de concursos de fantasias e até meus bisnetos já estão entrando na brincadeira. Na minha família todos gostam de Carnaval, e quem quiser entrar para a família, se não gostar, tem que aprender a gostar”, brincou.
Fonte de Pesquisa: JORNAL DO COMMERCIO.
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