Protótipo de um bonde da empresa britânica ‘The Manáos Tramways & Light Co. Ltd.’, concessionária dos serviços de viação urbana e energia elétrica na cidade de Manaus durante mais de quatro décadas, entre 1909 e 1950.
Conforme se vê na imagem propagandística de época, os carros, de modelo aberto, eram igualmente de fabricação inglesa, saídos das fundições da ‘The United Electric Car Co. Ltd’.
Para conhecer a história da evolução desde os bondes aos ônibus
Circulavam pelas ruas e avenidas da cidade desde as primeiras horas da manhã até o início da madrugada, quando eram recolhidos à garagem da ‘Manáos Tramways’, localizada no início do bairro da Cachoeirinha, junto à “ponte de ferro” (Ponte Benjamin Constant), onde hoje é sede da Amazonas Energia (inclusive, foi desenhado na parede do prédio, a estação de bonde que existia ali.
Tendo à frente o motorneiro (motorista) e o condutor (cobrador dos bilhetes), eram veículos ecológicos, inteiramente adaptados ao clima tropical de Manaus, possuíam sanefas de lona que eram arriadas nos dias chuvosos. Segundo o depoimento de nossos antepassados, cumpriam em suas paradas rígidos e pontuais horários, “quebrados” à moda inglesa – do tipo 8:45h ou 16:20h – e eram sempre muito disputados para passeios em família aos finais de semana rumo aos arrabaldes mais distantes do perímetro urbano, servidos pela malha ferroviária da empresa: Jirau (São Geraldo), Cachoeira Grande (Chapada), Flores, Vila Municipal (Adrianópolis) e Cachoeirinha. Ficavam de fora apenas os subúrbios de Constantinópolis (Educandos) e São Raimundo, em razão da barreira natural dos igarapés que os separam do centro da cidade. Destaques: A formação do consórcio que resultou na constituição da firma ‘Manáos Tramways’, com sede formal em Londres, foi mais um dos grandes investimentos feitos na capital amazonense pelos irmãos Alfred e James Booth, proprietários da empresa de navegação ‘Booth Steamship Company’ – que perfazia a rota transatlântica Manaus-Liverpool com regularidade mensal, por meio de uma vasta frota de navios de grande calado – e sócios majoritários da ‘Manáos Harbour Ltd’, detentora do contrato de construção e concessão do porto de Manaus, a partir de 1902.
Manaus era uma cidade estratégica do ponto de vista dos interesses comerciais do poderoso Império Britânico, que negociava a borracha extraída da região a “peso de ouro” na Bolsa de Valores de Londres, da mesma forma que obtinha altos lucros com a exploração dos serviços públicos dos quais, invariavelmente, obtinham a concessão pelo Governo brasileiro: água, esgotos, luz, bondes, telefone, serviços portuários e de abastecimento. Como se diria antigamente, os capitalistas ingleses da ‘City’ “não davam ponto sem nó”, nem “pregavam prego em estopa”! É certo que lucraram muito em suas investidas, no mundo inteiro, e no Brasil não foi diferente. Mas, em contrapartida, trabalhavam bem, com técnica, eficiência e método. E, em Manaus, legaram sem sombra de dúvidas uma rica herança em termos de infraestrutura urbana. Que, no caso dos saudosos bondes, a cidade não soube conservar, nem em termos modais, nem em termos turísticos, infelizmente.
Fonte de Pesquisa:
Manaus Sorriso.
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