A história do bairro da COMPENSA contada pela verdadeira "dona" do bairro.
Moradora da Compensa, Marial Borel foi a primeira a chegar no bairro, no ano de 1968.
A viúva conta que ribeirinhos fugidos da enchente, moradores da antiga cidade flutuante, extinta na década de 60 para a construção de casas populares destinadas às famílias residentes, foram os primeiros invasores.
Fugida da 2ª Guerra Mundial, ela e o marido compraram 1,2 milhão de metro quadrado de terra.
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Com uma excelente memória, a aposentada Maria do Nascimento Borel, conhecida como ‘Viúva Borel’, estava com “99 anos no registro e com 109 de vida” - quando ela mesma contou com detalhes como surgiu uma das primeiras invasões de Manaus, o bairro da Compensa, na Zona Oeste.
Em 2015 o bairro completou 51 anos, e o Governo do Estado entregou 1.442 títulos definitivos para moradores, mas a família alega que os títulos não possuem validade, uma vez que ainda não receberam indenização pelos lotes invadidos.
Toda a história remonta aos anos 60, quando vindos da Alemanha no período da 2º Guerra Mundial, a família de Oscar Borel, morto em 1968 por câncer, comprou as terras onde o bairro, que hoje é um dos mais populosos de Manaus, foi invadido e dividido entre Compensa 1, 2 e 3.
Era um milhão e 200 mil metros quadrados de plantações de pimenta do reino, limão, laranja, pupunha, entre outras frutas.
🗣“Para mim não tem muita importância essa questão de terras, talvez para meus filhos sim. Mas sei que ajudei muita gente, criei muitas crianças que precisavam e até ajudava a comprar a madeira de quem realmente precisava de uma casa para morar”, contou D. Maria.
A viúva conta que ribeirinhos fugidos da enchente, moradores da antiga cidade flutuante, extinta na década de 60 com a requisição de verbas federais para construção de casas populares destinadas às famílias residentes, foram os primeiros invasores.
🗣“Mas o Estado não deu casa para todo mundo e começaram a invadir nossas terras no mesmo ano que meu marido faleceu. Nós estávamos em São Paulo, onde ele fazia tratamento médico”, relembra.
Um dos filhos de Maria, Ricardo Borel, 62, contou que entre as famílias que precisavam de moradia, também haviam os aproveitadores. “Alguns funcionários das nossas terras também passaram a vender lotes. Além deles tinham religiosos que lideravam a invasão”. Para Maria, recém-viúva e com 10 filhos para criar, foi impossível lutar sozinha para evitar a invasão.
🗣“Minha mãe entrou na Justiça e conseguiu reintegração de posse. No entanto, o governador da época, Danilo Areosa, a chamou para fazer um acordo. Na época ela confiou na palavra de que ele pagaria pelos lotes, mas até hoje nunca recebemos esse dinheiro”.
Segundo Ricardo, somente 500 moradores pagaram pelos lotes, na época, em cruzeiro. “A maioria não pagou e o governo também não pagou. Amargamos esse prejuízo e já não temos mais esperança de sermos indenizados. A maioria dos antigos moradores se mudaram ou faleceram. Os moradores que hoje ocupam a Compensa compraram terrenos depois da invasão”.
Apesar de ter sido dona de todo o bairro da Compensa e não ter mais nenhum patrimônio, a viúva Borel garante que é feliz e não se arrepende do que viveu.
🗣“Amei muito meu marido, só tive ele na minha vida e foi aqui neste bairro onde moro até hoje que vivi tudo. Hoje nós temos hospitais, mini shopping, supermercado, tudo que precisamos. Não me imagino vivendo em outro lugar”.
E ela tem razão. A Compensa do século 21 possui uma área comercial bastante expressiva, maternidades, escolas de tempo integral, além de abrigar as sedes do Governo do Estado e da Prefeitura de Manaus. “Mesmo que a gente não tenha recebido nenhum tostão do governo, é bom saber que o bairro se desenvolveu”, comentou Ricardo.
A Secretaria de Política Fundiária (SPF) garante que o processo na justiça não está relacionado à área que foi titulada. “Há diversas situações de dominialidade nos bairros da Compensa”, informou.
😪 Maria do Nascimento Borel, conhecida como a 'Viúva Borel, dona da Compensa', morreu, aos 99 anos, na manhã de terça-feira, 17.11.2015, de causas naturais, em Manaus.
Fonte de Pesquisa: JORNAL A CRÍTICA.
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