Pegue seu Crush e Militos Jack’s; vai começar o programa vespertino mais assistido entre crianças e pré-adolescentes da Manaus pré-boi: “Clube do 4”!
A abertura dava o tom do que viria: Uma cena do Tom & Jerry, ao som de algo instrumental e subindo, caracteres depixels quadradões como vindo de um jogo de Atari, talvez gerados em um CP-500: “A TV A Crítica apresenta” (sobe e sai da tela) “Clube do 4”, com o “4” bem grande e piscando, ocupando o vídeo.
A apresentadora, “Tia Cida”, surgia sempre com o cabelo preso; tinha a habilidade de captar a simpatia, nunca demonstrou qualquer irritação com nada, o que indica sua extrema paciência (o programa não tinha assistentes de controle de plateia);
Era gerado no estúdio, depois passou a ser na parte externa.
Aos sábados o programa era ao vivo da Danceteria Brilho (funcionava onde hoje é o Amazonas Shopping)
VEJA FOTO MAIS ABAIXO.
O programa tinha o formato standard “brincadeira+desenho”. As brincadeiras mais frequentes era a da cadeira e uma lá em que uns ficavam andando e quando parasse a música tinha que formar par, permeada por outra em que se precisava levantar a um comando. Os desenhos eram Tom&Jerry, Pica-Pau e outros da King Features Syndicate.
As apresentações talentosas era um show à parte, com imitadores e dubladores do Menudo, Dominó, Madonna, Cindy Laupper (a música dos Goonies), Metrô, Kid Abelha, Magazine. Ao fim da atração a Tia Cida ia lá entrevistar, assisti certa vez a: “- De onde vocês são? – Do Morro da Liberdade. – Puxa, um beijo e muito carinho a todos vocês do Morro da Liberdade!”. As meninas da plateia não deixavam barato e enchiam os integrantes de beijos.
Umas “bandas” levavam réplicas de instrumentos mas uma ou outra levava guitarras dos veras mesmo.
Calouros surgiam, geralmente com números dançantes de break e funk.
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EU FUI UM DOS QUE DANÇARAM BREAK NO PROGRAMA DA TIA CIDA
Meu grupo era o "ELECTRON BOYS", e nos apresentamos ao som de Cyndy Lauper "Girls I Just Wanna Heave fun". Íamos de busão, que naquela época não era tão fácil passar um que fosse pra lá. Ficávamos do lado de fora junto com toda a galera, no sol quente, até abrirem os portões. Lá fora, ninguém ligava pra gente, mas era só entrarmos, que virávamos estrelas. As meninas gritavam, corriam pra agarrar a gente, nos beijavam, e tudo mais que um grande astro pode esperar de uma fã. Mas depois, quando terminava o programa, estavam todos (fãs e astros), em pé no sol quente, esperando o mesmo busão e nada ocorria.
A imagem era um caso à parte: muito precária. Desbotada e com pouca definição mesmo para a época, em alguns momentos quase beirava o preto e branco de tão tosca; era borrada, os rostos em close quase eram só sombra.
Uma outra situação curiosa: em algum momento não havia captação do som da plateia, só sabíamos que havia aplauso porque víamos as palmas, e o som do microfone variava muito em volume, sem utilização de compressor de áudio, havia picos que esgaçavam nos auto-falantes das TVs.
Os enquadramentos também era históricos, enquanto era gerado no estúdio, se via a imagem vindo de duas câmeras (uma fazia o “over” e o “pan”, a outra, o “close” e o “fade”), mas a câmera da panorâmica tinha uma peculiaridade: parecia estar em plano bem mais alto que as pessoas, de forma que parecia que as víamos meio que de cima pra baixo, com a peculiaridade, claro de que o local era pequeno, o que deixava aquilo estranho.
O mérito do programa era que, ainda que com tais padrões de qualidades, a audiência devia ser altíssima, tanto que durou, de 84 a 89. A apresentadora, digam o que disserem, mas era adorada pelos participantes e obedeciam ao comando do que dissesse (no cirquinho parece que tinha uma assistente de palco, mas que ia de roupa comum, por isso não tenho certeza se era assistente ou se “estava lá e resolveu ajudar”).
Ainda que aparentemente de baixo orçamento, devia gerar grande resultado para a emissora, e nisso está a genialidade do criador, diretor, apresentadora e produtores da atração: fazer algo simples ser um sucesso!
Outro mérito da atração é que se permitiu ao Manauense se mostrar. Todos nós tínhamos algum colega ou conhecíamos alguém que esteve no programa ou assistia àquilo ao vivo lá – trazendo a sensação de que não era só do Sudeste que surgiam programas infantis, aqui tínhamos os nossos! (o outro era o da “Turma do Tipiti, do Canal 2). Tia Cida era nossa Xuxa (não era a “Xuxa do Amazonas”, pois tal título caberia, posteriormente, a Tatiane Xavier, a “Xuxa do Amazonas”, tenho uma foto com ela tirada aqui em casa, um dia posto).
A quadra, nesta esquina, em frente ao grande campo de barro, era a BRILHO. Casa de Shows, onde por algum tempo foi gravado o "CLUBE DO 4".
Hoje no local, está construído o Amazonas Shopping.
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AFINAL... POR ONDE ANDA TIA CIDA e COMO ELA ESTÁ HOJE ???
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