domingo, 14 de novembro de 2021

LANCHONETE ZIZAS


Conheça a história da mais famosa lanchonete de Manaus e de seu criador.




O paladar diferente resultava da matéria-prima de primeira. O queijo do misto quente (pão de forma, queijo e presunto), considerado o sanduíche mais simples, vinha da Holanda, de onde era importado o leite usado no sorvete. Assim a rede Ziza’s conquistou Manaus, desde a pioneira, de 1972, no edifício Cidade de Manaus, na rua 24 de maio, chegando depois às unidades Joaquim Nabuco, Praça 14, edifício Rio Madeira, Aeroporto (24 horas) e edifício Cecon. O fundador, Antônio Nuno Sobreira de Faria e Cunha, 78 anos, o “seo” Nuno Cunha, faleceu num domingo (04/09/2016), às 10h, após 27 dias na UTI. Foi velado na funerária Almir Neves e sepultado na manhã da segunda, às 10h, no cemitério São João Batista.



Nuno Cunha, o criador do ZIZAS.
Nuno Cunha atuou no turismo e desenhou equipamentos que depois foram usados pela McDonald.


Nuno Cunha, nascido em Manaus (06/11/37), foi estudar e trabalhar no Rio de Janeiro, onde conheceu Maria Parente para formarem a família Parente de Faria e Cunha. Parte dos cinco filhos, Marta, Ana, Rogério, Doti e Ziza, nasceu no RJ e outra em Manaus. A mais jovem “Ziza” (Maria Eliza) daria o nome para o empreendimento que marcou época e até hoje é lembrado por muitos.


Visionário e homem de vanguarda, Nuno participou de inúmeras feiras de alimentação em Chicago, fazendo do Ziza’s um fast food com qualidade e estilos próprios. Desenhou e conseguiu a produção industrial de diversos equipamentos, que depois equipariam cadeias como McDonald e Bob’s. O dono deste, aliás, era companheiro de Nuno nas feiras. Além do queijo, importado da Holanda, ele tornou famoso o hambúrguer de pirarucu e diversos sanduíches. Uma oncinha era a logo do Ziza’s, estampada no sorvete servido em cascalhão, o famoso Biscoitão crocante, produzido também pela casa.


Nuno aproveitava a barba branca para entrar na pele de Papai Noel e divertir as crianças no Natal. Dono da empresa Regiatur, também atuou na vanguarda do turismo amazonense, sendo um dos expoentes da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) no Estado.



Até governadores frequentavam o lanche.



Gostava de recitar versos do poeta Alcides Werk e de degustar e divulgar a culinária local por onde passava. Ele tinha muitas histórias pitorescas, como quando esqueceu o passaporte em Manaus e mesmo assim conseguiu entrar nos Estados Unidos. Usou o inglês perfeito, a lábia de comerciante e conseguiu o impossível, passeando por New York enquanto o passaporte era enviado pela família.


Também chamava atenção no empresário a sensibilidade social. Abordava nas ruas os meninos chamados de “cheira-cola”. Comprava a droga da criança para destruir, alimentava-o, vestia-o e o acompanhava até onde podia, conseguindo resgatar vários em definitivo.


Um dos funcionários do Ziza’s, que Nuno Cunha chamava de “Programa primeiro emprego”, por gostar de contratar jovens sem nenhum registro na Carteira de Trabalho, foi o atual secretário estadual de Planejamento, Thomaz Nogueira. Ele escreveu o texto abaixo, à guisa de homenagem ao ex-patrão, num reconhecimento da importância que teve na formação dele. Veja:



O Ziza’s do aeroporto, que funcionava 24 horas.

“Hoje, ia superar o fastio de publicar e discutir nas redes sociais por um justo motivo: Registrar uma vida que impactou a minha vida e da minha família, mas história de uma outra vida que fez exatamente isso, atravessou o samba.


Talvez apenas uns poucos conheçam, ou lembrem, se falarmos de Nuno Cunha. Outros tantos, no entanto, lembrarão de algumas de suas iniciativas.


Unidade da Praça 14, a mais movimentada. Ziza’s da Praça 14, que deixou muitas recordações e influenciou na escola de samba Vitória-Régia.


Na mais conhecida, tive a oportunidade de iniciar minha vida profissional e trabalhar exatos 5 anos: Ziza’s Lanches.


De fato o Ziza’s foi o primeiro fast food de Manaus, e muitos tem suas estórias e lembranças.


O pioneiro foi na entrada lateral, pela 24 de maio, do Edifício Cidade de Manaus era o “point” da cidade. Aos sábados a meninada de Escola Técnica, Dom Bosco, começava a chegar no final da manhã. (Não tem mais aulas aos sábados, né?)


O Ziza’s do edifício Cidade de Manaus. Fotos: Álbum de Família.



Depois vieram outros, na Joaquim Nabuco, na Praça 14, no Ed. Rio Madeira, no Aeroporto, No Ed. Cecon.


Tinha 14 anos quando me juntei a esse time. Fiquei de 1° de outubro de 74 a 1° de outubro de 79. Convivi diretamente com o espírito empreendedor, proativo, criativo, intenso, muito intenso, impulsivo, e por vezes, exagerado e até teatral nas cobranças do Nuno.


Ele e D. Maria já eram amigos de longa data dos meus pais, seja do movimento dos Cursilhos de Cristandade, seja da Iniciativa chamada Escola de Pais.


Desse Nuno de múltiplas iniciativas resgato uma que a maioria não sabe e os que sabem esqueceram. Foi Nuno Cunha o responsável pela volta por cima da Vitória-Régia como escola de samba. Quando inaugurou em 1975, a unidade que ficava na própria praça, levou toda uma proposta de interação com a comunidade, não apenas um playground para meninada, mas também uma estrutura para sessões de cinema ao ar livre.



O Centro de Produção do Ziza’s, no bairro do Aleixo.

A Escola de samba tinha se transformado em bloco, quem mandava no carnaval de Manaus, era a Unidos na Selva, da turma de militares cariocas em serviço no Amazonas, e a Em Cima da Hora, de Educandos. Nuno comprou no Rio uma bateria inteira, mandou imprimir na Gráfica Rex o samba enredo do Torrado e mandou fazer na ISTEAM (fábrica do PIM) uns chapéus Coco de isopor. Durante uns três anos, bancou o desfile. O resto é história. Um dia desses duvidaram, mas eu lembro das Notas Fiscais e faturas.


Foram tantos chapéus de isopor que começamos a usar como embalagem tamanho família “pra viagem”, não é que colou?


Brincava dizendo que ele foi o programa “meu primeiro emprego” da Nogueirada.


A convivência diária me ensinou muito para o caminho ao longo da vida.


Portal do Marcos Santos.


Um comentário:

  1. pôxa que saudade demais!! meu lanche preferido era o piraruburguer com suco de laranja.. que pena não existir mais, mas poderiam resurgir novamente porque não, tem histórias.

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