terça-feira, 9 de novembro de 2021

BR-319


O nascimento da BR-319


Solenidade de integração do Amazonas através da BR-319. Ano: 1976 | Foto: Corrêa Lima/Acervo Jorge Bastos de Oliveira


Nos anos 70, se popularizou ao redor do mundo o rock alternativo, as drogas, festivais e ditaduras. No Brasil, com os militares no poder, o cenário não era diferente. Neste contexto é que os presidentes Castelo Branco (1964-1967) e Emílio Médici (1969-1974) passaram a olhar para a Amazônia com um medo - quase delírio - de perder aquelas terras para outros países. 

A história e os jornais registram o que ficou conhecido como Milagre Econômico (1969-1973), um momento em que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil chegou a crescer 11,1% em um ano. Com a vontade de 'aproximar' a Amazônia do Brasil e o dinheiro em caixa, o governo federal passou a inaugurar uma série de obras no Norte do país, dentre elas a BR-319.


Abertura de trecho da BR-319 | Foto: Corrêa Lima/Acervo Jorge Bastos de Oliveira


Dentre as construções entregues no Pará estavam a rodovia Transamazônica (Belém-Paraíba), a BR-10 (Belém-Brasília) e as usinas de Carajás e Trombetas. Para o Amazonas, a Zona Franca de Manaus; BR-174; hidrelétrica de Balbina e a mais comentada entre todas, BR-319.

As informações a seguir fazem parte do artigo 'BR-319: a rodovia Manaus-Porto Velho e o impacto potencial de conectar o arco de desmatamento à Amazônia central', dos autores Philip M. Fearnside, doutor em Ciências Biológicas, e Paulo Graça, doutor em Sensoriamento.

"A rodovia BR-319 possui uma extensão de 877 km de norte ao sul de Manaus a Porto Velho e foi construída em 1972 (680 km) e 1973 (197 km). A política governamental requereu na época que todas as rodovias fossem primeiramente construídas como estradas sem pavimento, e apenas seriam pavimentadas depois de decorrido um período de anos e se justificado pelo tráfego na estrada. No caso da BR-319, porém, foi aberta uma exceção especial, e a rodovia foi pavimentada imediatamente na hora da construção. A pressa era tanta que a estrada foi construída na estação chuvosa com a extraordinária prática de proteger o asfalto fresco com lonas de plástico", diz um trecho da pesquisa.


Trecho da BR-319 com aterramento | Foto: Corrêa Lima/Acervo Jorge Bastos de Oliveira



O início do abandono


Inúmeros registros dão conta da dificuldade para manter a BR-319 nos anos seguintes a sua inauguração. Ainda no artigo citado anteriormente, os autores colocam como principais motivos para o abandono da estrada o custo muito alto de manter uma rodovia em uma região onde a chuva média anual chega até 2.200 mm.

Outros pesquisadores se debruçam ainda sobre questões mais políticas e econômicas para explicar o que aconteceu com a BR-319. O geógrafo Thiago Oliveira Neto cita ao menos cinco fatores que contribuíram para o cenário atual da rodovia. 

"Excesso de peso dos veículos, crise econômica no final da década de 1970, elevados índices pluviométricos [chuvas]; aterros da rodovia com matéria orgânica, ou seja, raízes, galhos e tronco de árvores; retirada de trechos do pavimento". A informação consta em seu artigo intitulado 'BR-319: Os quarenta anos de uma rodovia na Amazônia', coassinado por Ricardo José Batista Figueiredo.


As tentativas de recuperação


De volta ao artigo dos autores Philip M. Fearnside, doutor em Ciências Biológicas e Paulo Graça, doutor em Sensoriamento, é possível saber que não foram poucas as tentativas de revitalizar a rodovia nos anos seguintes.

A primeira delas ocorreu no programa Brasil em Ação, de 1996 a 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso. Quando parecia que a obra sairia, ela foi retirada do programa por José Paulo Silveira, coordenador do projeto, por causa da baixa justificativa financeira em relação a outras sugestões do programa.


Caminhões que levavam asfalto para a BR-319 ainda durante a construção. Ano: entre 1971 e 1972 | Foto: Corrêa Lima/Acervo Jorge Bastos de Oliveira


Em 2001, foram repavimentados 100 km do trecho inicial, que liga Manaus ao município de Careiro Castanho. No mesmo, 58 km do entroncamento da BR-319 com a rodovia Transamazônica também receberam o novo asfaltamento.

Ainda na pesquisa, os autores citam o programa Avança Brasil (2000-2003), também no governo de FHC. Neste projeto, foram pavimentados apenas 158 km. Anos depois, com o presidente Lula, a revitalização da BR-319 apareceu no Plano Plurianual (2004-2007), mas apenas com a previsão para depois de 2007. Desde então, a rodovia deixou de receber grande atenção por parte do governo federal.


BR-319 HOJE



  

Fonte de Pesquisa:

EM TEMPO | Rebeca Mota

Foto: Corrêa Lima / Acervo Instituto Durango Duarte 

 

 

NOSSO E-MAIL
minhamanaushistorias@gmail.com




#minhamanaushistorias #manausnocoração #manaus #amazonas #prefeiturademanaus #manauscity

Nenhum comentário:

Postar um comentário

VISITE-NOS