Veja lugares mais 'assombrados' de Manaus.
Por BRUNA CHAGAS
Confira os relatos de quem já presenciou o sobrenatural em lugares históricos na capital.
As histórias de fantasmas habitam o imaginário das pessoas há séculos e não existe alguém nesse planeta que não tenha ouvido falar de pelo menos um "causo" sobrenatural. No mundo inteiro, há pessoas amedrontadas que alegam ter presenciado algo dessa natureza, mas na maioria das vezes, esses seres são vistos de relance, na penumbra e logo somem.
Entretanto, esses eventos paranormais geralmente ocorrem em lugares antigos, propícios pela própria imaginação e pela cultura popular como lugares assombrados por espíritos que aparecem somente na presença de uma ou de poucas pessoas, com mínima iluminação, e claro, sempre à noite ou na madrugada.
Para trazer à luz essas histórias, fomos à procura de lugares em Manaus em que as pessoas "juram de pés juntos" que já viram fantasmas, ou mesmo já sentiram ou presenciaram alguma manifestação do sobrenatural.
Desde vozes sem corpo, um frio de arrepiar que não é típico da região, instrumentos e objetos voadores são algumas das situações relatadas por nossos entrevistados. Confira alguns locais famosos e assombrados :
O majestoso Teatro Amazonas é um dos maiores símbolos da cultura do Estado. Fundado em 1896, o lugar é cheio de belezas, mistérios e esconde alguns segredos que somente poucas pessoas puderam compartilhar. Entre eles, os fantasmas que habitam o lugar e deixam o mais cético dos céticos com vontade de sair correndo do esplendoroso Teatro.
Márcio Souza, um dos maiores expoentes da literatura amazonense contou que não acredita em fantasmas mas que é imprescindível falar das famosas aparições no Teatro Amazonas. Ele disse que a primeira vez que soube dos fenômenos sobrenaturais foi em 1965.
De acordo com Márcio, a amiga e atriz Glauce Rocha, estava em Manaus com a peça "Um Uisque para o Rei Saul". Ela ensaiava no palco quando foi interrompida pelos gritos de pavor de um dos assistentes. Ele foi buscar um objeto de cena, quando se deparou com um cavalheiro, usando roupas do século XVIII e o rosto marcado por um sorriso triste. A figura fez uma reverência e depois desapareceu.
"O administrador do Teatro Amazonas, Aldemar Bonates, cessou a histeria com a observação de que era claro que ali existiam fantasmas, dizendo ao rapaz que toda ópera que se preza tem o seu fantasma, e encerrou o assunto".
Outro "causo" ocorreu, segundo Márcio, com a célebre pianista amazonense Gerusa Mustafa, em uma noite na qual ficou ensaiando até tarde e, após terminar, ouviu aplausos calorosos de um senhor sentado no terceiro andar e adivinhem quem era? Ele mesmo, o fantasma cavalheiro do século XVIII. Depois disso, ela nunca mais ensaiou sozinha. O escritor explicou que esse espírito era de um ator italiano que havia morrido em 1912, vitimado por malária.
Uma das últimas aparições deste foi quando o Joaquim Caldas, iluminador já falecido, que trabalhou mais de 20 anos no Teatro, o viu acenando em um dos camarotes, mas não ficou com medo, segundo o jornalista Antônio Carlos Junior, que conta essa história no livro que escreveu sobre o largo São Sebastião. O "Seu Caldas" se declarava amigo dos fantasmas.
Segundo Antônio Carlos, e de acordo com o que ele ouviu do próprio Caldas, uma mulher de olhos azuis e roupa branca veio na direção do palco onde estava o iluminador e o cumprimentou, ao estender a mão ao funcionário, ela simplesmente sumiu.
Ainda de acordo com Antônio, o terceiro andar do Teatro Amazonas é um dos lugares mais assombrados da cidade. Para se ter uma ideia, só para chegar ao local, você deve subir uma escada de ferro em forma de caracol e sem iluminação.
"Seu Caldas me contou que um dia ouviu muito barulho vindo do banheiro masculino do terceiro andar, parecia uma festa. Quando ele foi acender às luzes, ele sentiu alguém dar um tapa na mão e as luzes se apagaram. Ele saiu correndo e xingando os fantasmas. Mas logo em seguida, voltou e pediu desculpas dos amigos que conviviam com ele há quase 20 anos".
Outro famoso espírito que habita o teatro segundo relatos de vários funcionários, é de uma pianista que morreu no palco, no início do século XX quando executava a 5ª Sinfonia de Beethoven e sofreu o ataque fulminante.
La Gioconda
Márcio Souza ainda contou que o poeta Farias de Carvalho fez uma pesquisa e descobriu que todos os anos, no dia 31 de dezembro, no aniversário do Teatro Amazonas, esses criativos espíritos encenam "La Gioconda", ora sob a regência do maestro Benário Civelli, morto de febre amarela em 1899, ora sob o comando do maestro Genivaldo Encarnação, regente natural do Ceará e morto numa briga na Pensão da Mulata.
Ainda segundo Márcio, em 1973 quando o Teatro Amazonas foi restaurado, os fantasmas perturbavam os trabalhadores da reconstrução e o lugar ficava cada vez mais com a temperatura muito baixa, algo atípico, porém uma turma de atores do extinto Tesc (Teatro do Sesc) convidou os famosos fantasmas para passarem uma temporada em seu 'teatrinho' na rua Henrique Martins. E um dos atores mais céticos chegou a ver e ouvir os instrumentos tocando sozinhos.
Raimundo Nonato
Com quase meio século de trabalho no Teatro Amazonas, Raimundo Nonato de 82 anos é tão famoso quanto os fantasmas. O cenotécnico já é aposentado, mas passa a maior parte do seu tempo no Teatro.
Ele disse que já perdeu as contas de quantas coisas sobrenaturais já viu dentro do Teatro Amazonas. Um exemplo clássico é o terceiro andar. “Teve um período em que eu passava pelo terceiro andar e sentia um calafrio. Agora eu passo a qualquer hora e não estou nem aí, já me acostumei com isso”.
O cenotécnico contou um caso curioso. Uma vez o teatro teve três dias de casa lotada, com todas as cadeiras vendidas. Misteriosamente em nenhum dos dias o ocupante da cadeira 13 apareceu para assistir à apresentação. Ele esclarece que chegaram a levar pessoas para sentar no local, mas elas nunca ficavam. "Quem sabe já não tinha alguém lá?”, comenta Nonato.
Teatro da Instalação
Nonato Braga, de 51 anos, que trabalhou por quase uma década no Teatro da Instalação (2001), contou à reportagem que várias vezes presenciou atividade paranormal no local.
"Eu e o pessoal que trabalhava na cozinha estávamos almoçando e várias vezes vimos uma bolinha de criança indo de um lado para o outro como se pessoas estivessem jogando naquele lugar. A minha colega cozinheira já estava tão acostumada que até dizia em voz alta para eles brincarem em outro lugar e assim a atividade parava".
Apesar dessas manifestações sem explicação no local, um amigo dele, que era policial e tomava conta do teatro à noite, disse que não acreditava até que um dia no auge da madrugada, ouviu uns passos de pessoas descendo às escadas de caracol (parecida com aquela mesma do Teatro Amazonas, só que de madeira), e ele sacou o revólver esperando para abordar quem descia e quando ele esperou o último passo, não viu ninguém. Desde esse dia, o policial não quis mais ficar no turno da noite.
Mais uma situação paranormal aconteceu, mas dessa vez com a funcionária de serviços gerais, conhecida como Quitéria Silva que trabalha há mais de 10 anos no teatro. Segundo os relatos, ela viu um figura subindo às escada de caracol e ao procurar para ver quem era, a figura sumiu. Que escada assustadora!
Biblioteca Pública do Estado
Livros levitando? Barulhos na escada? Vultos e mulher parecida com uma antiga diretora do local? Pois é, a Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, inaugurada em 1871, traz todos esses elementos e mais alguns.
Uma das mais antigas funcionárias da biblioteca tem mais de 60 anos. Nesse mês ela está de férias e alguns funcionários contaram histórias que a dona Clara relatou a eles.
Daniela Oliveira, de 23 anos, que trabalha na recepção da biblioteca há dois anos, contou à reportagem que dona Clara várias vezes chegou a ver no porão, onde ficam os livros mais antigos, exemplares se mexendo e levitando.
"Dona Clara chegou a me contar que várias vezes quando estava trabalhando lá embaixo, ela via livros levitando, se mexendo, sem nenhuma presença humana no recinto. É de arrepiar".
Daniela contou ainda que os vigias que trabalham à noite sempre ouvem barulhos nas escadas do prédio. Certa vez ela contou que o vigia desabafou dizendo que viu um homem comum, sem vestimentas antigas subindo às escadas. "Ele disse que chegou a segui-lo, mas a figura fantasmagórica despareceu".
A recepcionista disse que outro famoso fantasma do lugar, pelo menos que as pessoas relatam é o de uma diretora da Biblioteca chamada Thália Phedra, que morreu ainda ocupando esse cargo e vive tomando conta do lugar. Thalia faleceu no dia 14 de março de 1983, às vésperas da posse de Gilberto Mestrinho, em um dos seus mandatos como Governador do Amazonas, num tempo em que ela lutava pelo restauro do prédio.
Dia seguinte à morte dela, parte do forro desabou exatamente sobre a mesa da sala que ocupava, o que levou ao fechamento da Biblioteca, para o justo e necessário restauro. O espaço abriu, de forma proposital, um ano depois da morte dela e foi reinaugurado na data do primeiro aniversário de morte de dona Thália, pelo governador Mestrinho.
Segundo o jornalista e filho da diretora, Saulo Borges, a mãe não assombraria o lugar, a não ser que ela tenha que defender, mesmo depois de desencarnada, o prédio da Biblioteca Pública e o acervo do órgão de alguns malvados frequentadores do lugar, como fazia quando estava viva.
"Minha mãe era, "sem querer me mostrar", como diz no pagode clássico, furiosa defensora do prédio e do acervo daquela Biblioteca. Tanto é que ela dá nome a um dos salões do lugar, exatamente o salão onde ela tinha uma sala montada por estantes de livros, expostas no local como se fossem divisórias", contou Saulo.
Ele continua: "Posso dizer que amei a ideia de ela andar por ali. Se for ela mesmo essa Thália Phedra (Borges dos Santos), que morreu em 1983, há 35 anos, quando era diretora da Biblioteca Pública do Estado. Para quem crê nos espíritos, é real, até pelo apego que todos nós familiares, sabemos que ela tinha pelo prédio, pelo acervo do lugar, pelas colegas de trabalho, amigas e amigos, e sabe como ela se dedicou e se entregou aquilo ali".
Saulo ressaltou que não acha impossível que mãe apareça no local. "Vivemos parte da nossa infância ali dentro. Quando não tínhamos onde ficar, ela nos levava pra lá. Foi quase que mais uma casa nossa... minha e dos meus três irmãos. Ela amava aquele lugar. Meu pai dizia pra ela ter limites que ela morreria e a Biblioteca ia ficar", finalizou o filho.
Palácio Rio Negro
As mulheres de branco estão presentes em várias culturas de inúmeros países. Aparecem em estradas, em casas abandonadas, rodoviárias e assim por diante. Em Manaus, não poderia ser diferente, entretanto, ela é uma mulher rara - uma primeira-dama, de vestido branco, fina e elegante, que 'assombra' o Palácio da Justiça, localizado no Centro da capital amazonense. Mas para entender o fantasma famoso que aparece no local, precisamos compreender a história do lugar.
Antes de ser Palácio Rio Negro que conhecemos, ele era chamado de Palacete Scholz e foi construído em 1903 para ser residência particular de um comerciante da borracha.
Após o declínio do ciclo, o palacete foi primeiramente alugado ao Governo do Amazonas e em 1918 foi vendido por 200 contos de réis recebendo a denominação de Palácio Rio Negro. De 1918 a 1959, serviu de residência aos governadores e Sede do Governo até 1995.
Álvaro Maia foi duas vezes governador do Amazonas (1935-1937 e 1951-1954) e contam que o fantasma da mulher de Álvaro Maia assombra o palácio, falecida em 1968.
Até hoje os vigias que trabalham à noite contam que veem sempre uma mulher, de vestido branco, que cumprimenta a todos e passei pela antiga "residência" dela.
Um vigia que preferiu não se identificar, contou que ela não faz mal a ninguém, mas quando está por perto, é possível sentir a sua presença e em seguida aquele arrepio que mexe com a imaginação de qualquer cético.
Após a leitura dos fatos, você acredita em fantasmas?
Fonte de Pesquisa
Por BRUNA CHAGAS