Informações: A visita é gratuita para pessoas nascidas no Amazonas, mediante apresentação de documento de identidade. Para os demais visitantes o ingresso custa R$ 20 reais. As visitadas guiadas duram 1 hora. Idiomas: português, espanhol e inglês.
O Teatro Amazonas foi eleito uma das Sete Maravilhas Brasileiras em um concurso que aconteceu em 2008.
E agora mais recentemente, a Revista Vogue de Paris publicou na edição de março de 2019, uma lista das 15 mais belas casas de ópera do mundo e o Teatro Amazonas aparece na lista.
Eu estive lá no Teatro amazonas e vou mostrar para você o quão bonito ele é.
O Teatro Amazonas fica no centro da cidade de Manaus. Em 2019, completou 123 anos de fundação. O teatro foi inaugurado em 1896 pelo então governador Eduardo Ribeiro e tem capacidade para 701 pessoas.
O Teatro Amazonas é o símbolo máximo do Ciclo da Borracha no Brasil. A alta sociedade da época (cheia de dinheiro por causa da borracha) queria que Manaus estivesse à altura dos grandes centros culturais do mundo, e desejavam um teatro luxuoso digno de receber grandes peças e óperas de companhias européias. A Belle Époque, período de cultura cosmopolita na Europa, havia chegado ao Brasil.
A história do teatro começou em 1881, quando o deputado Antônio José Fernandes Júnior apresentou o projeto para a construção de um edifício de alvenaria. No início foi muito criticado e até chamado de louco, mas conseguiu fazer com que a obra saísse do papel.
O Teatro à noite! Foto: André Lana.
Arquitetura
Do seu desenho no papel (1881), o projeto pertenceu a Antônio José Fernandes Júnior e, até sua inauguração, em 31/12/1896, vários conflitos aconteceram para que se pudesse construir uma obra digna de seus moradores que se tornavam, cada vez mais, a classe alta da cidade, localizado no centro da cidade o teatro assim nasceu. O Governador era Eduardo Ribeiro. Manaus, nessa época, era ocupada por franceses, ingleses, holandeses e portugueses que tanto falavam suas línguas como comercializavam ao lado de sua moeda, a libra esterlina, moeda da Inglaterra.
Como diz o ditado popular: de “Pobre, feia e morando longe”, Manaus tornou-se “Rica e bela, mas continuava morando longe”, pois dentro de seu país era desconhecida, mas na Europa era muito visada pela sua riqueza, mais precisamente pelo seu “ouro negro” o látex extraído da seringueira, planta nativa que estava sendo amplamente comercializada e extraída por mão de obra barata vinda do nordeste. O ouro negro fez nascer uma era chamada Belle Époque, retratada nas ruas por seus prédios suntuosos do neoclassicismo e comandada por uma nova classe que era diferente dos Barões do Café predominantes no país; aqui nós tínhamos os Barões da Borracha, senhores europeus que, se instalando cada vez mais, viam a necessidade de fazer crescer a cidade onde moravam e lucravam . Com toda essa riqueza disponível, Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada com sistema de água e esgoto, vias públicas e praças e a segunda a ser contemplada com energia elétrica. Com a criação do teatro peças famosas e óperas atravessavam o oceano para se apresentarem em plena selva Amazônica, em uma cidade longínqua, porém muito rica.
O prédio neoclássico tem características renascentistas com uma linda fachada rosa. A cor do Teatro Amazonas, durante muito tempo, foi fruto de controvérsia. Durante suas reformas, ele teve várias cores: rosa, azul, amarelo e cinza. Atualmente, ele voltou a ser rosa.
Na estrutura interna, a cúpula do teatro de metal foi fabricada na Bélgica pela empresa Compagnie Centrale de Construction de Haine-Saint-Pierre.
Os monarquistas combateram a instalação da cúpula por considerá-la uma homenagem a Republica. O Jornal "O Estado do Amazonas" estampou na capa “Aleijão, monstruosidade, papagaio” para criticar a cúpula.
Para sua informação, a mesma empresa construiu entre 1895 e 1898 o hal da estação de trem de Antuérpia (Bélgica) - foto abaixo.
A cúpula do Teatro Amazonas é composta de 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia. Foi adquirida na Casa Koch Frères, em Paris. A pintura ornamental é da autoria de Lourenço Machado. O colorido original, em verde, azul e amarelo é uma analogia à exuberância da bandeira brasileira.
O teto da cúpula é coberto por escamas de telhas coloridas que reproduzem a bandeira do Brasil. Essas telhas foram importadas da Alsácia, região da França onde todos os telhados são assim. Veja abaixo.
Decoração
A decoração interna do Teatro Amazonas ficou por conta de Crispim do Amaral, ator, decorador e jornalista de Olinda, que depois de uma viagem à Paris, voltou cheio de ideias na cabeça.
Hall de entrada.
O Teatro Amazonas mantém grande parte de sua decoração e arquitetura original, suas pinturas no teto e nas laterais, móveis, pisos e objetos utilizados 100 anos atrás. Quatro reformas e uma manutenção rigorosa e permanente conseguem manter sólido o ambiente original.
Tudo de dentro do teatro foi trazido da Europa: mármores, lustres, ferragens, espelhos, tapetes etc, o que acabou levando 15 anos para ser construído. As paredes de aço vieram de Glasgow, na Escócia. O mármore de Carrara nas escadas, estátuas e colunas, da Itália. A decoração interior veio da França no estilo Louis XV e os 198 lustres do teatro foram importados da Itália, sendo 32 com vidro de Murano.
Palco e Platéia
Toda essa beleza artística era privilégio para poucos. Na época da borracha, o Teatro não era aberto ao público em geral. Ele só era frequentado por pessoas de poder aquisitivo alto. Poder usufruir do Teatro Amazonas era sinal de status social.
A cortina do palco, chamada de Pano de Boca, é como um grande quadro, uma pintura rica em detalhes e história. O Teatro Amazonas possui dois Panos de Boca, ambos são obras do artista pernambucano Crispim do Amaral.
Um dos Panos de Boca representa a transição da monarquia para a república.
O outro, um desenho da natureza em forma de mulher, representa o encontro dos rios Negro e Solimões. Esse Pano de Boca tem mais de 100 anos. Ele não pode ser dobrado, nem enrolado. É cheio de pequenas emendas. Então está sendo restaurado.
O lustre central foi feito na França usando cristais de veneza e depois trazido para Manaus. Ao redor do lustre, há quatro telas pintadas em Paris pela Casa Carpezot a mais tradicional da época onde são retratadas alegorias à música, dança, tragédia e uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes.
O teto foi projetado para nos fazer sentir debaixo da Torre Eiffel, olhando-a de baixo para cima, como se estivéssemos na base dela. Uma perspectiva sensacional.
Observe a foto da Torre Eiffel de baixo pra cima, é semelhante ao desenho do teto.
A plateia é circundada por várias luminárias, ornamentos e esculturas de rostos de personalidades da literatura, música clássica e dramaturgia mundial, como Beethoven, Mozart, Verdi, e o escritor inglês William Shakespeare.
O camarote das autoridades, destinado ao governador do Amazonas.
A sala de espetáculos é composta pela platéia e mais três andares de camarotes. Durante a visita guiada, nós pudemos subir e admirar tudo lá do alto, do terceiro andar de camarotes. Uma maravilha!
A platéia tem forma de ferradura.
A gente fica pertinho do teto!
Salão Nobre
O Salão Nobre do teatro é a única parte que não foi decorado por Crispim do Amaral. Ele foi entregue ao artista italiano Domenico De Angelis.
O salão é relativamente pequeno, feito para receber cerca de duzentas pessoas. Foi construído para abrigar o público durante os intervalos das apresentações que eram longas.
Nas paredes, há pinturas de Domenico De Angelis representando a fauna e a flora da Amazônia.
Uma das principais obras é a pintura dos personagens Ceci e Peri, da ópera “O Guarani” de Carlos Gomes. Essa ópera foi inspirada no livro “O Guarani” de José de Alencar.
Pintura do teto do Salão Nobre.
Sacada do lado de fora do Salão Nobre.
Os corredores
Devido ao calor, os pinturas das paredes internas vão se “apagando” com o tempo, precisando de constante manutenção.
No espaço também se pode ver bustos de várias personalidades das artes brasileiras, como os próprios José de Alencar e Carlos Gomes.
Estão expostos também figurinos usados em óperas apresentadas no Teatro.
Podemos ver modelos das antigas cadeiras usadas no Teatro Amazonas, hoje substituídas por poltronas almofadadas.
Outra parte legal da visita guiada, é conhecer a maquete do Teatro Amazonas feito com mais de 30 mil peças de Lego. A maquete foi criada em 1960, na sede da Lego na Dinamarca, quando a fábrica homenageou vários monumentos históricos do mundo. Foi enviada para a sede da Lego em Manaus e, em março de 2001, doada ao Teatro Amazonas.
CURIOSIDADE: Após o fim do Ciclo da Borracha, o teatro caiu no esquecimento. O palco chegou a ser transformado até em campo de futebol! Em tempos de crise, o teatro também abrigou um depósito de borracha de uma companhia americana durante a Segunda Guerra Mundial. Mas depois disso, o cuidado com o Teatro foi retomado, ainda bem né!
Palco para grandes astros
Em 1996, o tenor espanhol José Carreras realizou um show no Teatro para comemorar os 100 anos de fundação. A bailarina Ana Botafogo também se apresentou.
Em 1997, o fenômeno pop Spice Girls fez uma visita promocional a Manaus. Na viagem, 55 fãs de diversas partes do mundo e seus acompanhantes foram premiados pela Virgin Record com uma viagem à Amazônia para encontrar o grupo de meninas. Na época, alegando falta de privacidade, as meninas dormiram no iate Amazonas, pertencente ao então governador do Estado, Amazonino Mendes. As cantoras fizeram uma entrevista coletiva no Teatro Amazonas. Em seguida, elas cantaram para o público, não no palco, e sim na varanda da casa de espetáculos, levando os fãs à loucura.
Em 2005, a banda White Stripes (rock metal pesado!) protagonizou o primeiro show de rock no Teatro Amazonas para cerca de 500 pessoas.
Mas o momento ápice do show foi quando a dupla saiu do teatro e cantaram para a multidão enlouquecida que se aglomerava na parte de fora, num show improvisado que entrou para a história da cidade de Manaus.
ASSISTA ABAIXO
Anos depois, a gravadora Third Man Records lançou o ‘‘Under Amazonian Lights” um vinil duplo e um DVD com registro desse show sensacional do The White Stripes em Manaus.
Em 2010, o bailarino russo Mikhail Baryshnikov se apresentou no teatro junto com a espanhola Ana Pegova. É fato que Baryshnikov envelheceu e teve sabedoria de mostrar isso ao público que viu um homem de 62 anos, ainda com forma-física em pleno vigor, mas sem a mobilidade impressionante que tinha quando mais novo. Baryshnikov deixou no teatro as sapatilhas que usou na apresentação para ficarem expostas.
Hoje em dia, a orquestra filarmônica do Amazonas criada em 1997 ensaia no Teatro e regularmente promove apresentações para o público.
No Teatro tem uma lojinha de souvenirs e uma cafeteria no estilo Belle Époque. Um espaço muito agradável.
Fonte de Pesquisa
BLOG DE VIAGENS DE ANA CASSIANO
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