quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Lupanares e Puteiros de Manaus

Lupanares e Puteiros de Manaus  1959/1969



A princípio, nos anos 1960, quando Manaus era uma cidade provinciana, com população não superior a 176.000 habitantes. Os rendez-vous – alcunhados pela imprensa baré de lupanares – e puteiros – assim vulgarmente denominados por seus frequentadores – reinaram absolutos como locais de aventuras e prazer.
O apogeu dos antros de prostituição ou de licenciosidade, deu-se exatamente naquela década e tiveram o seu fim decretado em meados da década de 1970.
O vocábulo rendez-vous significa bordéis abertos e foram assim chamados pelos franceses porque sua prática ocorria no início das tardes. Depois passou a se caracterizar como bordel, já que as prostitutas não moravam no local do trabalho.
O PRIMEIRO
  • Estação Rodoviária de Manaus
O primeiro puteiro de Manaus foi o Bom Futuro, que em meados da década de cinquenta deixou de ser um então “banho” familiar. Ficava à beira do igarapé que ainda hoje banha o então Clube Municipal, na margem direita da Estrada Torquato Tapajós, onde hoje funciona a Frigelo.
O “Lá-Hoje”, que se localizava exatamente onde hoje está instalada a então horrorosa Estação Rodoviária de Manaus, era tido como discreto e melhor frequentado. “Era um casarão enorme, em formato circular, afastado da estrada, com pista de danças […]. Nos fundos do terreno, que era grande, havia uma série de quartos destinados aos casais que desejassem folgar mais intimamente. Ambiente de respeito e muito tranquilo”.
Na Rua João Coelho, atual Avenida Torquato Tapajós, o puteiro “Verônica”, localizado onde hoje é o então Shopping Millenium. Localizado à margem direita do igarapé da Ponte dos Bilhares. O “Ângelus”, ficava na esquina de um ramal em frente do Hospício, onde hoje fica a IMESA, com a Rua João Alfredo, hoje Djalma Batista.

  • Avenida Torquato Tapajós
O “Iracema”, que existia na rua ao lado da atual loja Solimões Veículos, também em Flores. O “Piscina Club”, que se situava num pequeno ramal atrás do atual Posto 5. O “Mon Petit”, que sucedeu o “Ângelus”, em frente à atual fábrica da Philips, na Avenida Torquato Tapajós.
O “Bataclan”, um pouco mais acima; o “Rosa de Maio”, no ramal localizado após a entrada da cidade nova, onde na entrada temos o atual Motel Detalhes. E, por fim, um dos mais antigos, o “Forquilha”, que se situava na atual rua que leva ao Aeroporto Eduardo Gomes. Para a zona leste, no que é hoje a Avenida Cosme Ferreira existia o “Bafo de onça”, onde funciona atualmente o Colégio Santana; o “Furna da onça”, um pouco mais adiante. Para o lado do Rio Negro existia, dentro da Cidade Flutuante, o “Cai N’água” e na zona oeste, na estrada da Ponta Negra, o “Mansão das Brumas”.

  • Zona Urbana de Manaus
Na década de 1960, os rendez-vous situados na zona urbana de Manaus eram: Cabaré do Almeida, que se localizava no então bairro do Morro da Liberdade. O Cabaré do Carroceiro, no então Beco Boa Sorte e a Buate Fortaleza, no Bairro do Educandos. No centro da cidade ficavam: a Buate Odeon; os rendez-vous do Déde, Carolina e da Elisa, na Rua Frei José dos Inocentes; o rendez-vous da Rosimeire, na Rua Saldanha Marinho e a Pensão Royal, na Joaquim Sarmento. Nem todos possuíam quartos para a prática do sexo pago, serviam apenas de ponto de encontro.
A maioria dos puteiros localizados fora da zona urbana de Manaus ficavam às margens de algum igarapé. Era regra que se fizesse um cerco de madeira, com escada, a qual começava às margens e terminava na areia do fundo do igarapé. Curiosamente o Lá Hoje, o mais “refinado” dos puteiros, ficava localizado em terreno onde não passava nenhum igarapé.
Era comum o uso de trocadilhos entre os “putanheiros”, especialmente se na ocasião tivesse a presença de alguém que não era do “ramo”: “vais lá hoje? “; “está na hora do Ângelus”.

  • Selvagem e Saramandaia
Havia ainda a figura do xodó, que era a relação que nascia dentro do puteiro quando a prostituta de engraçava de um cliente. Esse “passava a ser “propriedade” dela e, dessa forma, quando ele entrava no recinto, as outras prostitutas, na grande maioria das vezes, respeitavam essa posse e não mexiam ou davam confiança diante da “proprietária””. O xodó tinha a sua preferência na relação sexual. Este, por sua vez, a bancava parcial ou integralmente, ou era generoso na hora do pagamento.
“A transição ocorrida entre a segunda metade da década de 1970, entre esse tipo de bordel e o motel, se interpenetrando no espaço e no tempo, ocorreu claramente em Manaus com dois estabelecimentos – Selvagem e Saramandaia –, que assumiam um perfil misto, de lupanar, boate e dancing, sendo frequentados por uma nova geração que procurava outro tipo de prostituição, com características diversas daquelas anteriores”. Esses estabelecimentos se localizavam ao lado de onde é hoje o Colégio Denizard Rivail, na Estrada Torquato Tapajós.
Ainda na década de 1970 surgiram os puteiros da Chica Bobó, então localizado na Compensa e o da Chica Pacu, na Avenida Brasil, ambos na zona oeste.
O primeiro dos puteiros mais tradicionais a encerrar suas atividades foi o Ângelus, em 1965 e o último a cerrar as suas portas foi o Lá Hoje, em 1974.
A mudança da sociedade de Manaus com a ruptura de valores mais conservadores, o modo de pensar o sexo – especialmente por parte das mulheres -, a proliferação dos motéis, o progresso com a chegada da então Zona Franca ou o envelhecimento dos putanheiros, talvez sejam fatores que tenham concorrido para o fim dos puteiros, talvez.
Esse é um aperitivo sobre os lupanares e puteiros que existiram na cidade de Manaus na década de 1960 até meados da década de 1970.
Em suma, as informações aqui prestadas tiveram como referência, inclusive com transcrições de trechos inteiros ou parciais, a dissertação de Raimundo Alves Pereira Filho, “Lupanares e Puteiros” – os últimos suspiros dos rendez-vous na sociedade manauara (1959/1969).

 

   

Fonte de Pesquisa

INSTITUTO DURANGO DUARTE / REPORTAGENS

Foto(s)

REPRODUÇÃO INTERNET







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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

CANI, CARLOS NAVARRO INFANTE


Com certeza em algumas fotos que aparecem aqui no grupo, FOTOS QUE SÃO VERDADEIRAS OBRAS DE ARTE, você já deve ter notado este nome: "CANI".

Mas quem é o homem por trás destas belíssimas fotos que tão perfeitamente retratam as pincelas sensíveis do Criador.


CANI | CARLOS NAVARRO INFANTE

Nasceu em Caracas/Venezuela no ano de 1945, e reside em Manaus/Amazonas, desde 1973. Iniciou na área da fotografia em 1966, e teve sua formação técnicafotográfica em Barcelona-Espanha, com especialização na Suíça e Alemanha, na área de foto-processamento a cores. 

Em 1973, na empresa Sonora (fabricante da máquina LOVE), instalou um laboratório fotográfico para revelação em cores, sendo o profissional ioneiro na Região Norte do Brasil para realização desse serviço. 

Em 1982 iniciou como fotógrafo profissional autônomo na área de fotoprocessamento, eventos sociais, registros aéreos, fotografia documental, entre outras.

Ministrou aulas teóricas e práticas de fotografia, no Projeto “Jovem Cidadão” do Governo do Estado do Amazonas e também em diversas Escolas Públicas.

Em Anavilhanas/AM, ministrou curso de fotografia analógica e revelação de filme em preto e branco, para 24 executivos da empresa de Cosméticos Natura.

Idealizador do Projeto Fotográfico “Foco Nelas”, que teve realização juntamente com outros fotógrafos, na Galeria do Largo/Manaus-AM;

Curador da Exposição fotográfica “Fragmentos”, realizada em homenagem aos 120 anos do Teatro Amazonas, pelo grupo Fotógrafos da Madrugada;

Curador da Exposição fotográfica “Paisagem da Janela”, do artista visual Edson Keiróz;


2016

Jurado no Concurso Fotográfico promovido pela Marinha do Brasil;


2017

Agraciado com Diploma “Amigo da Marinha”, pelo 9º Distrito Naval, em reconhecimento aos serviços prestados pela fotografia do Amazonas.

Até hoje forma alunos por aulas particulares, informando e formando para o mercado de trabalho e/ou participações artísticas, sem contar as inúmeras palestras que executa no Estado do Amazonas.


2019

Destaque para a Exposição “Ecos Amazônicos”, que iniciou sua apresentação em quadros, pelo hall do Teatro Amazonas, depois Palácio da Justiça, passou pelo Palacete Provincial no Museu de Imagem e Som – MISAM e também pelo Centro Cultural dos Povos da Amazônia – CCPA, todos locais do Patrimônio Cultural da Capital do Amazonas.

Premiado no VII Salão Internacional de Arte Fotográfica de Ribeirão Preto, 3º lugar e mais 02 fotografias com menção honrosa na categoria (cor), resultados que podem ser consultados na página: https://www.movimentodasartes.com.br/especial/siafrp2019/categ.htm


2020

No período da quarentena devido a Pandemia do Covid-19, lançou Exposições Virtuais, que podem ser visitadas no Facebook “CarlosNavarroInfante”, e também no Youtube da página Amazonia Photos, sendo eles:

1) Amazonas – estradas que matam;

2) Pé de Moleque em nova versão;

3) Correm turvas as águas deste rio;

4) Amazônia Uma Selva Em Agonia – em 03 vídeos;

VENCEDOR do VIII Salão Internacional de Arte Fotográfica de Ribeirão Preto, na categoria (cor), também 2º lugar (cor) e menção honrosa na categoria (preto e branco), resultados que podem ser consultados na página da Confederação Brasileira de Fotografia (CONFOTO).

http://www.confoto.art.br/fotografia/noticias/844-salaoribeirao2020.html


2021

Agraciado com o título de Cidadão Amazonense conferido pela Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, por meio do Deputado Estadual Ângelus Figueira.

https://sapl.al.am.leg.br/media/sapl/public/documentoacessorio/2021/50072/pl_283-2021-__dep._angelus_figueira.pdf


2022

Em junho/2022 recebe a homenagem do ICBEU-Manaus com a exposição individual “REGISTROS – Mostra de Fotografias de Carlos Navarro”, em cartaz até agosto/2022, na Galeria de Artes do Icbeu.


2023

Realizou palestra em homenagem ao Dia do Fotógrafo (08/01), pela Secretaria de Cultura do Amazonas;

Participou da Exposição Coletiva “The Human Light” realizada pelo ICBEUManaus.

Em setembro/2023 completou 58 (cinquenta e oito) anos de profissão, já foi premiado em diversos concursos fotográficos (Nacional e Internacional), participou em mais de 30 (trinta) exposições fotográficas, entre individuais e coletivas, e em 2020 devido a Pandemia, com os espaços culturais fechados, lançou diversos projetos em exposições virtuais.


2024

Ministrou a oficina “De Volta às Raízes: Redescobrindo a Fotografia Analógica”, e em seguida houve a exposição fotográfica dos alunos do curso, em homenagem ao profissional CARLOS NAVARRO, realização da Tucandeira Films. https://www.riosdenoticias.com.br/inscricao-para-oficina


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Fonte de Pesquisa

SELMA CARVALHO |  CARLOS NAVARRO INFANTE

Foto(s)

CARLOS NAVARRO INFANTE





















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segunda-feira, 29 de julho de 2024

DESCONTANDO UM CHEQUE



DESCONTANDO UM CHEQUE

IMAGINE O ANO DE 1963. 
Mais precisamente o dia 11 de junho, uma segunda-feira. 
O dia em que o monge budista Ngo Quang Duc ateou fogo ao próprio corpo em Saigon em protesto contra a opressão do governo do Vietnã do Sul. 
Mas isso é outra história. 

Imagine o mesmo ano de 1963, o mesmo dia 11 de junho, a mesma segunda-feira. Só que em Manaus. 
Seu João mora no bairro do Centro e precisa de dinheiro. Mais precisamente, quinhentos cruzeiros. Seu João pega o talão de cheques do BEA, onde tem conta, preenche o cheque e vai para o ponto do ônibus que o levará até o centro da cidade. 

O BEA em que ele tem conta ficava na Barroso. O ônibus demorava uns quinze minutos para chegar e outros tantos até o centro. 

Seu João ainda caminhou mais doze minutos até a agência. 
Entra com o cheque no bolso e encontra onze pessoas na fila. Na fila ele fica mais quinze minutos até que chega sua vez de ser atendido. 

O caixa diz boa-tarde e pega o cheque de Seu João. Vai lá dentro para consultar o saldo e conferir a assinatura numa fichá de cartolina branca. 

Saldo positivo, assinatura confirmada, ele anota na própria cartolina o valor retirado e atualiza o saldo. 

Abre a gaveta da Caixa Registradora National, retira os quinhentos cruzeiros e entrega a Seu João. Ele pede para conferir e Seu João confere. 

Foram 22 minutos dentro da agência. Seu João caminhou até o ponto do ônibus levando dessa vez quinze minutos, porque o centro está cheio de pessoas circulando nas calçadas e os camelôs já ocuparam boa parte dela. 

Seu joão rema contra a maré. Deu sorte. Quando foi chegando, o ônibus apontou na esquina. Em três minutos já estava dentro dele, a caminho de casa. 
Como o trânsito estava um pouco complicado na Eduardo Ribeiro, Seu João levou 18 minutos até chegar em casa. 

Agora sim, faça as contas de quanto tempo uma pessoa levava para colocar dinheiro no bolso quando ainda não havia caixa eletrônico.


  • OS PRÉ DATADOS

  • O MAIOR CHEQUE DE QUE SE TEM NOTÍCIA FOI EMITIDO NO DIA 30 DE MARÇO DE 1995 PELA COMPANHIA INGLESA GLAXO. UM CHEQUE NO VALOR DE 2.373.655.00 LIBRAS ESTERLINAS. E TINHA FUNDO.
  • MIL PIADAS CORREM SOBRE TIPOS DE CHEQUES SEM FUNDO. UMA DELAS É O CHEQUE BOÊMIO: “AQUI ME TENS DE REGRESSO...”.
  • HOJE É MAIS FÁCIL VER UMA CABEÇA DE BACALHAU DO QUE VER UM TALÃO DE CHEQUES.
  • SERÁ QUE QUEM AINDA TENHA CHEQUES, AINDA GASTA TEMPO ANOTANDO NO TALÃO O SALDO ANTERIOR, O VALOR DO CHEQUE E O SALDO ATUAL?
  • SABIA QUE O PRÉ-DATADO ERA O CHEQUE ILEGAL MAIS LEGAL QUE EXISTIA NA PRAÇA?

 

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sábado, 20 de julho de 2024

DESCONGELANDO A GELADEIRA






DESCONGELANDO A GELADEIRA


Neste tempo eu morava na Leonardo Malcher, nossa geladeira era branca de cantos arredondados, dentro, além das grades de ferro, nenhuma tampa de plástico e ainda tinha um relógio enorme pra graduar a temperatura. Relógio que cada vez em que a geladeira era aberta eu tinha que dar uma "girada" nele.
Ainda tinha a mania de abrir o congelador e assoprar lá dentro só pra ver a "fumaça" sair da boca. Mas sim, quando era pra descongelar a geladeira as coisas aconteciam assim:

O ANÚNCIO ERA FEITO com pelo menos dois, três dias de antecedência.

Era uma voz rouca que vinhá lá da cozinhá e se espalhava pelos cômodos da casa.

– Sábado vou descongelar a geladeira!

Aquilo poderia ser traduzido como um aviso, uma ameaça: tirem toda a tranqueira que estiver no congelador!

A geladeira, que chamávamos de Frigidaire, era da marca GE. Só o fato de chamar a geladeira pelo nome americanizado já fazia a gente se sentir milionário. 

O que minha mãe chamava de tranqueira eram pilhas Ray-O-Vac, as amarelinhas, Eveready, a pilha do gato, além de chicletes Ping-Pong mascados, um restinho de tijolo napolitano da Kibon e picolés de limão.

Na verdade, uma limonada que colocávamos na forma de alumínio e, assim que começava a congelar, espetávamos um palito, ou colocávamos num copo de extrato de tomate vazio e íamos comer de colher.

Durante a semana ela ia liquidando tudo que havia dentro da geladeira.

Na sexta-feira à noite, antes de se deitar, quando já não havia quase nada dentro da Frigidaire, minha mãe ia até a cozinhá e tirava a tomada da parede. Ouvia-se um barulho semelhante ao da morte. Ela ainda abria a porta para conferir se a lâmpada havia se apagado. Sim, estava escura.

Então, ela forrava todo o piso da cozinhá com exemplares de jornal, panos de chão, ou roupa velha, prevendo o dilúvio. A geladeira passava a noite com a porta aberta. De madrugada a gente ouvia o gelo partindo.

E o sábado chegava. Cedinho ela acordava e ia direto à cozinhá ver o estrago. Os jornais e os panos de chão estavam encharcados, e pequenas poças já se formavam aqui e ali. Aos poucos minha mãe ia tirando verdadeiros icebergs que grudavam no congelador e até mesmo fora dele. Era uma cena digna de documentário da BBC sobre descongelamento. Eram torrões que iam sendo tirados e jogados na pia... ou se a pia fosse longe da geladeira, ela colocava o gelo em uma bacia de alumínio.

Quando um dos filhos vinha com uma faca na mão, ela esbravejava:

– Objeto pontudo não!

Minha mãe passava um sábado inteiro por conta de descongelar a tal Frigidaire. Só no final da tarde, depois de tudo seco e limpinho, ela começava a colocar o pouco que restava lá dentro, tudo muito arrumadinho, cada coisa em seu lugar.

Finalmente colocava suas Havaianas nos pés – que ela chamava de sandália de borracha – e ia lá ligar a geladeira. O barulho agora era diferente, como se algo tivesse nascido de novo. Ela conferia a lâmpada acesa e ia comprar carne, peixe e sorvete para encher novamente o congelador.

SOBRE AS GELADEIRAS

  • A GELADEIRA SEMPRE TINHA BRAHMA, MESMO QUE FOSSE ANTARCTICA, PORTUGUESA, OURO BRANCO OU MALT 90. AS PESSOAS DIZIAM: COLOQUE UMAS BRAHMAS NA GELADEIRA.
  • A ÁGUA VIRAVA CUBOS DE GELO NUM RECIPIENTE DE ALUMÍNIO E COM UMA ALAVANCA. NADA DE EMBALAGEM DE PLÁSTICO NAQUELE TEMPO.
  • E AS GARRAFAS DE ÁGUA ERAM DE PLÁSTICO PARECIDAS COM UM BALÃO, SEM FALAR DA JARRA DE SUCO EM FORMA DE ABACAXI.
  • SIM, HOUVE UMA ÉPOCA EM QUE GELADEIRA NÃO ERA UMA BRASTEMP E QUANDO PASSOU A SER, OS RITUAIS ERAM OS MESMOS.
  • ATUALMENTE... HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ NÃO DEGELA UMA GELADEIRA?

   

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quinta-feira, 20 de junho de 2024

ESPERANDO O TELEFONE DAR SINAL




TELEFONES DE DISCO



O MEU TIO JOÃO era o encarregado de comprar e cuidar da carne de um Grande comércio. E como ele era entendido do assunto!

Era capaz de dar uma palestra sobre cada pedaço do boi. Falava de acém, cupim, fraldinha, ponta de agulha, filé-mignon, alcatra, maminha, picanha, patinho, coxão mole, coxão duro, lagarto, contrafilé como quem fala de arroz com feijão. Ninguém ali conhecia mais de carne que O meu tio João.

Toda manhã era ele quem ligava para O único açougue da cidade para encomendar a carne. Fazia isso diariamente porque tinha pavor de carne congelada. Carne pra ele tinha de ser fresca. Se fosse apenas ligar para o açougue e fazer a encomenda do dia, seria fácil. O problema era que, até chegar ao açougueiro, ele tinha de enfrentar um telefone a manivela.

O telefone do Grande Hotel ficava na parede da copa, ao lado de uma escrivaninha de madeira de lei de 1925. Aquele telefone preto dependurado na parede da copa era conectado a uma central e operado por uma telefonista. Para conseguir falar com o açougueiro, meu tio João tinha de girar uma manivela para gerar uma corrente de toque e chamar a telefonista.

Dono do maior repertório de palavrões da face da Terra, meu tio passava horas da manhã rodando aquela manivela e xingando. Quando conseguia falar com a telefonista, xingava até a quinta geração da pobre coitada como se fosse ela a culpada pelo tempo perdido ali com uma lista de carnes na mão. No dia em que a telefonista, já sabendo que era o meu tio, fez a ligação direta para o açougue, antes ouviu:

— PQP! Essa merda já é automática?

Aí vieram os telefones automáticos, aqueles pretos e pesados, de disco. Só que para dar o sinal era uma novela. Você tirava o fone do gancho e nada, silêncio absoluto. Havia aqueles que ficavam apertando o botãozinho — tec, tec, tec — na esperança de que desse sinal de repente. São talvez as mesmas pessoas que hoje, inconformadas com a demora do elevador, ficam apertando o botão, mesmo que já iluminado.

O meu pai pegava o fone, colocava-o em cima do móvel e ia buscar o Jornal do Commércio pra ler. Como não havia viva-voz, ele segurava o aparelho com o ombro e ia virando as páginas do jornal.

Eu pegava o Almanaque do Tio Patinhas, o meu irmão, os livrinhos do rB1, e minhas irmãs, as revistas Querida, Ilusão e Joia.

Não tinha telefone na cidade que desse sinal assim que tirássemos do gancho. Era preciso ficar ali plantado às vezes dez, quinze minutos. O pior de tudo era quando dava o sinal, discávamos o número desejado e o telefone dava ocupado.


ALÔ! ALÔ!

  • O QUE DEMORAVA MAIS? ESPERAR O TELEFONE DAR SINAL OU HOJE ESPERAR A MUSIQUINHA DO CALL CENTER TERMINAR?
  • LEMBRA DE UMA BRINCADEIRA ESTÚPIDA QUE SE CHAMAVA "DAR UM TELEFONE"? ERA SIMPLESMENTE DAR DOIS TAPÕES
  • LEMBRA QUANDO UM TELEFONE ÀS VEZES VALIA O MESMO QUE UM CARRO? 
  • TELEFONE ERA UM NEGÓCIO. HAVIA ATÉ MESMO O BANCO DO TELEFONE. 
  • AGORA RESPONDA RAPIDINHO: QUANTO TEMPO VOCÊ PASSA TODOS OS DIAS OLHANDO PARA O SEU CELULAR?


 



   

Fonte de Pesquisa

ONDE FOI PARAR O NOSSO TEMPO de Alberto Villas

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