sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Os cafés de Manaus


“Em termos de cafés e “terraces”, a cidade que dizem sonhava ser Paris nos Trópicos era de puro requinte porque tudo se passava com charme, boa qualidade e presenças de figuras destacadas da sociedade da época.


Roberto Caminha, de família tradicional de músicos, instrumentistas e compositores, e das antigas de nossa cidade, recorre aos meus arquivos para identificar os nomes dos cafés de Manaus ao tempo da “belle époque”, quando do jorro de libras esterlinas e de relações comerciais travadas diretamente com a Europa, talvez porque agora tomou-se moda deliciar-se em tais café em fins de tarde ou aos domingos pela manhã, e deu-se enorme proliferação desses estabelecimentos.


Merecido dizer que, durante muitos anos, mesmo distante desse tempo de ouro, o Café do Pina resistiu na solidão desse serviço delicado e elegante, primeiro, ao fundo do Palacete Provincial, no meio da rua, que na verdade era trecho oferecido a Alfredo Augusto Ribeiro Júnior, e, depois, na Praça de Heliodoro Balbie, mais recentemente, no Palacete e na Praça, desde que tive o privilégio de restaurar o tradicional prédio histórico e o clássico logradouro.


O Café dos Terríveis era dos mais famosos de antigamente, localizado nas cercanias da igreja catedral, centro de festas e blocos carnavalescas, datando de 1904, na Rua Visconde de Mauá com a nossa Praça XV de Novembro. Era mais do que café, dando-se como botequim de certa elas se com música ao vivo, durante muito tempo. Outro foi o Grande Café Central, com mesas de jogos, cervejas, leite e água mineral importada, instalado na vizinhança da Praça que chamamos “da Polícia”. O Café da Paz-onde nem sempre havia a dita cuja – chegou aos anos 60 do século passado, na antiga Avenida do Palácio, depois de Eduardo Ribeiro, com o seu tradicional caldo de cana e as mesas de bilhar.


Outro ponto de renome na cidade foi o Café Suisso, na Rua da Instalação da Província como gostava de dizer meu pai, Lourenço Braga, ao comentar sobre a cidade em que crescera desde menino pequeno. Aliás, a mesma forma que sempre ouvi de Mário Ypiranga Monteiro. Nele, uma enorme variedade de bebidas e de serviços, comidas, petiscos estrangeiros, doces e peixes.


O período de decadência da “belle époque”, por volta de depois da revolução de 1924 e da queda do governador Rego Monteiro em 1924, apareceu o Ponte Chic, com café, bar e leitaria, na Avenida Eduardo Ribeiro com a Rua Henrique Martins, esquina que depois se ousou chamar, durante muitos anos, de Canto do Fuxico, porque nele se reuniam personalidades da política e dos esportes, principalmente, quase sempre aos sábados pela manhã, para a contação de histórias e piadas e para acompanhar os desfiles de moças bonitas que resolviam fazer shopping na principal avenida da cidade.


Na mesma via, o Café Avenida foi longevo e sobre ele se contam muitas historietas, inclusive, as de jornalistas que, “duros” a mais não puder, costumavam aplicar o respeitável pendura por muitas semanas, até receberem os trocados dos serviços que prestavam em “O Jornal”, “A Crítica”, “Jornal do Commercio” e “A Gazeta”, e conseguirem saldar seus débitos, o que algumas vezes nem chegava a acontecer.


Não se fale aqui do Grande Hotel, do Hotel Cassina, e muito menos da pensão da Lola, da Pensão da Mulata, da casa El-Dorado, nem dos recantos de Amélia Louro ou Maria Anália, estas conhecidas pela região das francesinhas ou polacas.


Em termos de cafés e “terraces”, a cidade que dizem sonhava ser Paris nos Trópicos era de puro requinte porque tudo se passava com charme, boa qualidade e presenças de figuras destacadas da sociedade da época, sempre bem retocadas em suas vestimentas e acessórios particulares de bengalas, chapéus, piteiras e broches reluzentes nas gravatas de seda.


   

Fonte de Pesquisa

https://franciscogomesdasilva.com.br/

por ROBÉRIO BRAGA




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