quinta-feira, 15 de setembro de 2022

NOMES DOS ORNAMENTOS ARQUITETÔNICOS DE ANTIGAMENTE - CEMITÉRIOS

 

NOS CEMITÉRIOS

Nas sepulturas mais antigas, detalhes de época também são notados e são mais presentes.

ACROTÉRIO, do grego, elemento mais elevado, é o recurso que serve como arremate ornamental para o ponto mais alto de um frontão. O acrotério de canto, ou angular, é usualmente encontrado nas extremidades inferiores dos frontões triangulares. Utilizados, primeiramente, na arquitetura da Antiguidade Clássica, foi utilizado também como elemento ornamental de urnas funerárias e sarcófagos.

A forma mais comum de acrotério é o vegetalista, mas é possível encontrar vasos, bolas, globos, prismas facetados, pinhas, animais fantásticos e até estatuetas humanas. Os exemplos encontrados no Soledade apresentam, predominantemente, elementos vegetalistas como os mostrados a seguir.


AMPULHETA simboliza a passagem do tempo de vida. Às vezes é associada a um par de asas, símbolo de que a existência humana é fugaz, e que irá se esgotar. Nos exemplos a seguir, ampulheta e par de asas compõem com duas armas cruzadas, o conjunto.


A representação das ÁRVORES é larga na simbologia cemiterial. Conforme a situação em que é vista, trazem significados específicos da cultura e crença do falecido. Uma árvore com galhos cortados, como a da imagem, representa a morte precoce; uma árvore brotando, a vida eterna.



FOLHA MONTANTE (ou flor montante) também denominada cogulho indica um pequeno elemento ornamental esculpido de pedra representando folhas estilizadas, de uso comum na arquitetura do estilo gótico. Estes elementos encurvados e retorcidos brotam em repetição, e são colocados à mesma distância um do outro, principalmente para rematar arestas de pináculos e arcos. Nos exemplos a seguir, folhas montante estão aplicadas nos acabamentos das coberturas de mausoléus e, no primeiro exemplo, também no pináculo lateral.



Frutos, folhas e flores podem ser agrupados sob as formas de GUIRLANDAS e de FESTÕES. As primeiras, de forma circular, podem ser arrematadas com fitas, enroladas ao longo do círculo ou compondo laços. Os festões podem ser compostos pendentes nas extremidades, sob a forma de curvas, ou em apenas uma das extremidades. São comuns ao estilo Românico e têm sua origem ligada aos festões de frutos verdadeiros utilizados como decoração sobre os frisos de templos. Foi revivido pela Renascença em formas mais ou menos modificadas nos edifícios e túmulos religiosos e esteve presente em estilos posteriores. A forma do ornato sugere movimento e ritmo e o conjunto de flores e frutas pode ser substituído por tecidos ou drapeados. Nos exemplos a seguir, é possível ver na imagem superior central, um festão pendente e arrematado com uma espécie de botão e laço de fita, as demais, são guirlandas. Chama a atenção, a guirlanda, inferior à esquerda, formada somente por folhagens, em cuja composição, as folhas da esquerda são de acanto e as da direita, de louro.


FIGURA HUMANA foi, e é, objeto favorito de representação na arte. Poderes sobrenaturais, deuses, seres venerados, são representados sob a forma humana. O corpo humano é, muitas vezes, representado sem qualquer significado e só decorativamente por conta da beleza da forma.

Figuras humanas são comuns à arte cemiterial, sejam elas sob a forma de santos ou de anjos, sendo os últimos com grandes variações: de corpo inteiro ou apenas cabeças aladas.

Nos exemplos a seguir, é possível ver, respectivamente: à esquerda uma imagem de Nossa Senhora da Conceição e à direita uma figura feminina com uma criança no colo.

Os três exemplares abaixo mostram ANJOS com grandes asas abertas. O central, diferente dos demais, está sentado e tem a seus pés, um crânio.


CABEÇAS DE ANJOS aladas são comuns à arte cemiterial e, neste campo santo não é diferente. Na imagem a seguir, destaque-se àquela mais à esquerda, cabeça de anjo alada e com elementos vegetalistas na parte superior do conjunto. A imagem mais à direita é uma cabeça de Cristo aplicada no friso de um mausoléu.


LEÃO indica proteção ao túmulo em que estiver aplicado. Remete também à coragem e determinação das almas dos entes cujos corpos ali repousam. O exemplo mostra quatro leões deitados e servindo de base ao mausoléu.


A máscara, na origem do termo, é um rosto oco e artificial destinado a esconder a expressão humana, a fim de tornar quem a usa, irreconhecível, ou para caracterizá-lo de alguma forma especial. A utilização das máscaras provém da Grécia, dos jogos da colheita e desses foram transferidas para o teatro. As máscaras são, geralmente, fiéis à natureza ou idealizam-na; já os MASCARÕES são faces sorridentes, deformadas, distorcidas por acessórios ou terminando em folhagens. O exemplo, a seguir, mostra um mascarão sobre a porta de um mausoléu. Olhos, nariz e boca e folhagens compõem o ornato, encimado por um elemento vegetalista.


Os OBELISCOS são pilares altos, monolíticos em forma de paralelepípedo, estreitando-se no alto e terminando em pirâmide. É um símbolo religioso egípcio que foi usado como ornamento arquitetônico no Renascimento em dimensões reduzidas, frequentemente, junto com as volutas, sobre os frontões dos edifícios. São utilizados também isolados, como os três exemplos a seguir, marcando um túmulo. Têm, em geral, em suas faces, ornatos. Nos exemplos, há elementos vegetalistas, uma cruz e um manto.


Os CAPITÉIS, elementos que coroam os pilares, aqui estão presentes em grande número e nas mais variadas forma, desde citações aos clássicos dórico, jônico e coríntio, como variações do tema, sejam eles com elementos geométricos, vegetalistas, faunísticos.




Em todas as eras, as flores foram extremamente populares na arte ornamental, seja no plano, seja no relevo. Foram usadas sob as formas mais diversas, aplicadas em ramos, festões, guirlandas e coroas. A flor lembra o estado de infância e, assim, de certa forma, o paraíso. Os túmulos do Cristianismo primitivo (assim como dos pagãos) eram localizados, com frequência, dentro de jardins. Enfeitavam-se os túmulos com flores frescas, ou com suas representações, a fim de evocar a imagem do paraíso repleto de flores. Uma vez que igrejas e altares estão ligados diretamente aos túmulos dos mártires, o seu ornato logo se transferiu àqueles.

ROSETA - flor estilizada - foi empregada já na Mesopotâmia. Fez parte de estilos revivalistas na arquitetura desde a Renascença. É utilizada em sequência ou separada, formando faixas. No primeiro exemplo abaixo, vê-se uma sucessão de rosetas combinadas a entrelaçados. No segundo, as rosetas aparecem isoladas e no terceiro, formando uma faixa.


SERPENTE, quando esculpida engolindo a si própria, denota a eternidade. Nos exemplos a seguir, a serpente está em forma de círculo tendo, ao centro, respectivamente, um girassol e uma rosa. O girassol é o símbolo da fé em Cristo e a rosa, na Idade Média, um atributo das virgens, e também um símbolo da Virgem Maria.  

 

Um MANTO (ou uma cortina) sobre os objetos refere-se à tristeza que os envolveu. Em geral, está associados a outros símbolos, como um livro ou uma coluna. Nos exemplos a seguir, o manto cobre, quase totalmente, o objeto, uma espécie de vaso.


O uso constante de VASOS na decoração dos templos deve-se, principalmente, ao seu sentido esotérico. O vaso está ligado à simbologia da fecundidade – o útero – e representa, portanto, um depositário da vida, o tesouro da vida espiritual.

O vaso simboliza, quando vazio, o corpo separado da alma e, coberto com um manto, refere-se à tristeza que o cobriu.

A seguir, alguns exemplos: o primeiro, de ferro, é um detalhe de um gradil de proteção de um túmulo; o segundo, destaque para o nome de mulher gravado no corpo do vaso; o terceiro é envolvido, parcialmente, por folhas.


Há um grupo de vasos que possui em seu topo, como se fosse uma tampa, um ornamento que imita chamas. É denominado VASO-FOGARÉU ou simplesmente fogaréu. Simboliza o elemento fogo, a destruição das forças do mal pela purificação e é, normalmente, utilizado como símbolo da fé e do sacrifício. Foi utilizado em fachadas de edifícios, bem como em retábulos nas igrejas. Nos túmulos do Soledade, podem ser encontrados alguns exemplos como os vistos a seguir.


Dos exemplos seguintes, os quatro primeiros possuem, em comum, o uso de um panejamento em seu corpo, adornado-o. O quinto possui a seção do corpo com forma não circular, contrário dos demais, e apresenta ranhuras horizontais.


A imagem a seguir mostra dois ângulos do PÓRTICO localizado atrás da capela do Cemitério. Há nele, alguns elementos que fazem citações à linguagem utilizada pelo arquiteto italiano Antônio Landi como: as volutas formando aletas lateralmente e o uso da linha curva combinada com segmentos de reta nas laterais, além de vasos-fogaréu.


O mausoléu a seguir é como uma réplica, em proporções menores, de um templo dórico e seus detalhes ornamentais: frontão triangular com acrotério sob a forma de uma cruz, tríglifos,no friso, gotas abaixo desse, capitel e pilar com fuste estriado.
Abaixo da imagem, está um desenho com os ornamentos citados. 


Detalhes ornamentais da ordem dórica
Fonte: KOCH, 2004, p. 11

Este é um dos mausoléus mais ornados do Soledade. O frontão é encimado por um elemento em arco, coroado por uma cruz, no qual há uma águia com as asas abertas. No centro da composição, há uma cártula com a dedicatória do proprietário do mausoléu, sob a qual há uma cabeça de anjo alada. Enquadrando a cartela, pilastras, volutas e conchas. Em cada lado do frontão, um vaso fogaréu. O friso tem, ao longo de seu desenvolvimento, elementos vegetalistas, ao centro, duas cabeças de animais e, nas extremidades, cabeças de Cristo. Os pilares são coroados por capiteis nos quais há dragões e elementos vegetalistas. A porta do mausoléu, em arco pleno, é encimada por uma cabeça de anjo alada.


A seguir, outro exemplar bastante ornamentado. Sem a leveza dos demais túmulos, este exibe formas pesadas, principalmente, na parte superior com grandes peças, semelhantes a acrotérios, e rosetas. Destaque para as duas figuras femininas, como se fossem apoios, que lembram Cariátides gregas. No centro do conjunto, ao alto, folhas circundam o elemento superior. Sob as folhas, estão: uma ampulheta e um par de asas abertas sobrepostos a um osso e uma foice cruzados. Abaixo do conjunto, um brasão, no qual se observa uma âncora, símbolo relacionado à patente militar do proprietário do túmulo. Na parte de baixo, central, uma inscrição contendo uma dedicatória. Acima do texto, um festão vegetalista em arco e dois, pendentes nas laterais. Na base do jazigo, sequência de elementos circulares, semelhantes a botões.


Esta postagem encerra, por enquanto, a análise / descrição parcial dos ornamentos do Cemitério da Soledade. Sem a pretensão de querer esgotar o assunto ou de fazer um inventário do acervo cemiterial do local, esta é minha contribuição para que se olhe com mais atenção para essa que é uma das preciosidades da cidade de Belém, e que vai, há anos, tentando guardar recordações de um tempo distante.




   

Fonte de Pesquisa

BRASIL ORNAMENTOS ARQUITETÔNICOS

Todas as imagens: Domingos Oliveira, 2011



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