segunda-feira, 29 de julho de 2024

DESCONTANDO UM CHEQUE



DESCONTANDO UM CHEQUE

IMAGINE O ANO DE 1963. 
Mais precisamente o dia 11 de junho, uma segunda-feira. 
O dia em que o monge budista Ngo Quang Duc ateou fogo ao próprio corpo em Saigon em protesto contra a opressão do governo do Vietnã do Sul. 
Mas isso é outra história. 

Imagine o mesmo ano de 1963, o mesmo dia 11 de junho, a mesma segunda-feira. Só que em Manaus. 
Seu João mora no bairro do Centro e precisa de dinheiro. Mais precisamente, quinhentos cruzeiros. Seu João pega o talão de cheques do BEA, onde tem conta, preenche o cheque e vai para o ponto do ônibus que o levará até o centro da cidade. 

O BEA em que ele tem conta ficava na Barroso. O ônibus demorava uns quinze minutos para chegar e outros tantos até o centro. 

Seu João ainda caminhou mais doze minutos até a agência. 
Entra com o cheque no bolso e encontra onze pessoas na fila. Na fila ele fica mais quinze minutos até que chega sua vez de ser atendido. 

O caixa diz boa-tarde e pega o cheque de Seu João. Vai lá dentro para consultar o saldo e conferir a assinatura numa fichá de cartolina branca. 

Saldo positivo, assinatura confirmada, ele anota na própria cartolina o valor retirado e atualiza o saldo. 

Abre a gaveta da Caixa Registradora National, retira os quinhentos cruzeiros e entrega a Seu João. Ele pede para conferir e Seu João confere. 

Foram 22 minutos dentro da agência. Seu João caminhou até o ponto do ônibus levando dessa vez quinze minutos, porque o centro está cheio de pessoas circulando nas calçadas e os camelôs já ocuparam boa parte dela. 

Seu joão rema contra a maré. Deu sorte. Quando foi chegando, o ônibus apontou na esquina. Em três minutos já estava dentro dele, a caminho de casa. 
Como o trânsito estava um pouco complicado na Eduardo Ribeiro, Seu João levou 18 minutos até chegar em casa. 

Agora sim, faça as contas de quanto tempo uma pessoa levava para colocar dinheiro no bolso quando ainda não havia caixa eletrônico.


  • OS PRÉ DATADOS

  • O MAIOR CHEQUE DE QUE SE TEM NOTÍCIA FOI EMITIDO NO DIA 30 DE MARÇO DE 1995 PELA COMPANHIA INGLESA GLAXO. UM CHEQUE NO VALOR DE 2.373.655.00 LIBRAS ESTERLINAS. E TINHA FUNDO.
  • MIL PIADAS CORREM SOBRE TIPOS DE CHEQUES SEM FUNDO. UMA DELAS É O CHEQUE BOÊMIO: “AQUI ME TENS DE REGRESSO...”.
  • HOJE É MAIS FÁCIL VER UMA CABEÇA DE BACALHAU DO QUE VER UM TALÃO DE CHEQUES.
  • SERÁ QUE QUEM AINDA TENHA CHEQUES, AINDA GASTA TEMPO ANOTANDO NO TALÃO O SALDO ANTERIOR, O VALOR DO CHEQUE E O SALDO ATUAL?
  • SABIA QUE O PRÉ-DATADO ERA O CHEQUE ILEGAL MAIS LEGAL QUE EXISTIA NA PRAÇA?

 

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sábado, 20 de julho de 2024

DESCONGELANDO A GELADEIRA






DESCONGELANDO A GELADEIRA


Neste tempo eu morava na Leonardo Malcher, nossa geladeira era branca de cantos arredondados, dentro, além das grades de ferro, nenhuma tampa de plástico e ainda tinha um relógio enorme pra graduar a temperatura. Relógio que cada vez em que a geladeira era aberta eu tinha que dar uma "girada" nele.
Ainda tinha a mania de abrir o congelador e assoprar lá dentro só pra ver a "fumaça" sair da boca. Mas sim, quando era pra descongelar a geladeira as coisas aconteciam assim:

O ANÚNCIO ERA FEITO com pelo menos dois, três dias de antecedência.

Era uma voz rouca que vinhá lá da cozinhá e se espalhava pelos cômodos da casa.

– Sábado vou descongelar a geladeira!

Aquilo poderia ser traduzido como um aviso, uma ameaça: tirem toda a tranqueira que estiver no congelador!

A geladeira, que chamávamos de Frigidaire, era da marca GE. Só o fato de chamar a geladeira pelo nome americanizado já fazia a gente se sentir milionário. 

O que minha mãe chamava de tranqueira eram pilhas Ray-O-Vac, as amarelinhas, Eveready, a pilha do gato, além de chicletes Ping-Pong mascados, um restinho de tijolo napolitano da Kibon e picolés de limão.

Na verdade, uma limonada que colocávamos na forma de alumínio e, assim que começava a congelar, espetávamos um palito, ou colocávamos num copo de extrato de tomate vazio e íamos comer de colher.

Durante a semana ela ia liquidando tudo que havia dentro da geladeira.

Na sexta-feira à noite, antes de se deitar, quando já não havia quase nada dentro da Frigidaire, minha mãe ia até a cozinhá e tirava a tomada da parede. Ouvia-se um barulho semelhante ao da morte. Ela ainda abria a porta para conferir se a lâmpada havia se apagado. Sim, estava escura.

Então, ela forrava todo o piso da cozinhá com exemplares de jornal, panos de chão, ou roupa velha, prevendo o dilúvio. A geladeira passava a noite com a porta aberta. De madrugada a gente ouvia o gelo partindo.

E o sábado chegava. Cedinho ela acordava e ia direto à cozinhá ver o estrago. Os jornais e os panos de chão estavam encharcados, e pequenas poças já se formavam aqui e ali. Aos poucos minha mãe ia tirando verdadeiros icebergs que grudavam no congelador e até mesmo fora dele. Era uma cena digna de documentário da BBC sobre descongelamento. Eram torrões que iam sendo tirados e jogados na pia... ou se a pia fosse longe da geladeira, ela colocava o gelo em uma bacia de alumínio.

Quando um dos filhos vinha com uma faca na mão, ela esbravejava:

– Objeto pontudo não!

Minha mãe passava um sábado inteiro por conta de descongelar a tal Frigidaire. Só no final da tarde, depois de tudo seco e limpinho, ela começava a colocar o pouco que restava lá dentro, tudo muito arrumadinho, cada coisa em seu lugar.

Finalmente colocava suas Havaianas nos pés – que ela chamava de sandália de borracha – e ia lá ligar a geladeira. O barulho agora era diferente, como se algo tivesse nascido de novo. Ela conferia a lâmpada acesa e ia comprar carne, peixe e sorvete para encher novamente o congelador.

SOBRE AS GELADEIRAS

  • A GELADEIRA SEMPRE TINHA BRAHMA, MESMO QUE FOSSE ANTARCTICA, PORTUGUESA, OURO BRANCO OU MALT 90. AS PESSOAS DIZIAM: COLOQUE UMAS BRAHMAS NA GELADEIRA.
  • A ÁGUA VIRAVA CUBOS DE GELO NUM RECIPIENTE DE ALUMÍNIO E COM UMA ALAVANCA. NADA DE EMBALAGEM DE PLÁSTICO NAQUELE TEMPO.
  • E AS GARRAFAS DE ÁGUA ERAM DE PLÁSTICO PARECIDAS COM UM BALÃO, SEM FALAR DA JARRA DE SUCO EM FORMA DE ABACAXI.
  • SIM, HOUVE UMA ÉPOCA EM QUE GELADEIRA NÃO ERA UMA BRASTEMP E QUANDO PASSOU A SER, OS RITUAIS ERAM OS MESMOS.
  • ATUALMENTE... HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ NÃO DEGELA UMA GELADEIRA?

   

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