Cine Éden na Década de 1940 – Fotografia do antigo Cinema Éden, página fundamental na história do lazer na cidade de Manaus entre as décadas de 1940 e 1980.
Localizado à Rua Jonathas Pedrosa, junto à margem norte do Igarapé Bittencourt (Igarapé da “Segunda Ponte”), no quarteirão entre a Avenida Sete de Setembro e a Rua Cândido Mariano, próximo ao Palácio Rio Negro. A sala fez parte da segunda geração de cinemas de Manaus, tal como o Cine Avenida, de 1936, sendo ambos construídos com estética inspirada na escola ‘art déco’ dos anos 20/30, de linhas geométricas em sua arquitetura externa e interna. Ao contrário de seus concorrentes mais antigos, Guarany e Polytheama, construídos no início do século XX, não possuía estrutura de cineteatro (com frisas e palco), tendo sido concebido com função exclusivamente cinematográfica.
A longa trajetória de mais de quarenta anos do Cine Éden pode ser acessada nas páginas virtuais do ‘Blog do Coronel’ (com um belo e longo texto assinado pelo pesquisador Ed Lincon Barros Silva); e do Instituto Durango Duarte, que dele traça o seguinte e resumido histórico empresarial:
“Inaugurado em 23 de novembro de 1946, na Rua Jonathas Pedrosa, n. 166/170, Centro, ao lado da então casa do cineasta Silvino Santos, o Cine Éden possuía capacidade para mil lugares. O primeiro filme exibido nessa sala foi o musical ‘Brazil’, produção norte-americana dirigida por Robert North e musicada por Ary Barroso. Inicialmente, era de propriedade da então Empresa Cine Éden Ltda., de Aníbal Augusto Batista e Oscar Antunes Ramos. Em 07 de julho de 1948 foi comprado pela Empresa J. Fontenelle & Cia. Em 1957, a então Empresa Fontenelle Ltda. fecha o cinema por uns dias para diversos reparos, entre eles, a instalação de um gerador elétrico, tela de 14 metros e adaptação de lentes para CinemaScope, Vista Vision e Panorâmica. Funcionou como Éden até 30 de junho de 1973. Três meses depois, a então Empresa A. Bernardino & Cia. Ltda./Grupo Daou comprou o prédio e o reformou em seguida. Em 22 de março de 1974, a imprensa divulgou assim o resultado do concurso cultural promovido para escolha do novo nome para o cinema. Em 10 de abril de 1974, a sala reabre como Cine Veneza, exibindo o filme ‘O Destino do Poseidon’. Possuía então seiscentos lugares e permaneceu com esse nome até 3 de março de 1984. Cine-Teatro Guarany Sob a administração da Empresa Cinemas de Arte Ltda.– de Joaquim Marinho e Antônio Gavinho –, que o adquiriu em 21 de fevereiro de 1984, o cine foi reinaugurado em 10 de março de 1984, com a denominação Cine Novo Veneza. Em sua estreia, foi exibido o filme ‘Águia na Cabeça’. Encerrou suas atividades em 30 de março de 1985. (...) Dois anos mais tarde, em outubro de 1987, o empresário Dahilton Cabral adquiriu o prédio e deu início a reformas no edifício. A reinauguração do cinema ocorreu quase dois anos depois, em 21 de junho de 1989, com o nome Cine-Teatro Guarany, uma homenagem ao antigo Cine Guarany, demolido em 1984. O filme exibido em sua abertura foi ‘Princesa Xuxa e Os Trapalhões’. A ideia de Dahilton Cabral era levar ao público sessões de cinema com lançamentos de filmes inéditos, além de apresentações teatrais. O Cine- Teatro Guarany apareceu em anúncios de jornais até novembro de 1990.”
Desde sua inauguração, na segunda metade dos anos 40, o Éden foi encarado pela população como um “cinema poeira”, de prestígio inferior aos tradicionais cinemas centrais, pois, fugindo à lógica comercial, foi aberto num ponto relativamente distante do eixo Avenida Eduardo Ribeiro-Praça da Polícia, repleto de cafés, bares, lojas finas e muita movimentação de pessoas bonitas e elegantes, especialmente aos finais de tarde, à hora do ‘footing’, quando elegantes moças de saia ‘godé’ saiam aos grupos de suas casas para “verem e serem vistas” nas famosas “sessões chiques” do cines Avenida e Odeon. Mas, com o passar do tempo, caiu no gosto do público cinéfilo, em razão da paulatina modernização de suas instalações, incrementadas em fins da década de 50 com a inauguração da nova tela panorâmica; e, já nos anos 70, com a instalação de poltronas estofadas e do sistema de refrigeração. Com o advento da televisão e das novas diversões surgidas com o crescimento da cidade, em fins dos anos 60 e início dos 70, o Éden entrou em lenta decadência, tal como todos os outros cinemas da Manaus antiga. Mas, milagrosamente, conseguiu sobreviver por mais alguns anos, atravessando as décadas de 1970 e 1980, até encerrar definitivamente suas atividades. O prédio, de propriedade particular, teve sua fachada restaurada em 2009, pela Secretaria Estadual de Cultura. Porém, permanece até a presente data fechado e obsoleto, esperando a caridade de alguma “boa alma”, que lhe traga de novo a vida cultural que teve um dia. Quem sabe como um cineclube (para exibição de filmes clássicos), um teatro, ou, talvez, ou um auditório para eventos variados? Mediante um bom investimento e uma boa propaganda, há de encontrar o seu novo público-alvo, numa cidade tão carente de diversões como Manaus. Fica lançada a ideia...
Fonte de Pesquisa
Manaus Sorriso | Instituto Durango Duarte
Nenhum comentário:
Postar um comentário