terça-feira, 21 de março de 2023

PEDRAS DE LIOZ DE MANAUS

 



ORIGEM

Lioz ou pedra lioz é um tipo de calcário que ocorre em Portugal, na região de Lisboa e seus arredores (norte e noroeste), nomeadamente no concelho de Sintra, sendo aqui extraído nos arredores da vila de Pero Pinheiro.

Os seus depósitos foram formados no período Cenomaniano (Cretácico) em um ambiente de mar pouco profundo, de águas quentes e límpidas, propícias à proliferação de organismos de esqueleto carbonatado, nomeadamente de bivalves rudistas, construtores de recifes. A rocha caracteriza-se por ser um calcário bioclástico e calciclástico compacto, rico em biosparite e microsparite, geralmente de cor bege, embora existam variedades com coloração que vai do cinza-claro ao rosado e ao esbranquiçado.

Foi muito utilizada em Portugal como rocha ornamental e para a construção de elementos estruturais, como padieiras e ombreiras. Elementos arquitectónicos construídos nesta pedra, nomeadamente padieiras ornamentais, arcos e pelourinhos, foram transportados para diversas regiões do Império Português.


As Pedras de Lioz de Manaus


Ao longo de sua história, algumas cidades se tornam intrinsecamente identificadas com certas características ou elementos arquitetônicos presentes em sua paisagem urbana mais tradicional. É o caso das casas coloridas do Caribe, dos telhados em forma de pagode do Extremo Oriente, das igrejas com domos em forma de bulbo da Rússia, das varandas de ferro de New Orleans, dos sobrados cobertos de azulejos de São Luís do Maranhão, etc, etc, etc. 




Em relação ao centro histórico de Manaus, a pedra calcária vulgarmente conhecida como “pedra de Lioz” é uma espécie de ‘trademark’, como parte integrante da arquitetura ou do entorno de alguns dos monumentos e logradouros mais importantes da cidade, começando pelo altar-mor e os dois púlpitos laterais da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, lindamente lavrados em meados da década de 1870 em Portugal. Mas também as calçadas e escadarias do Ginásio Amazonense, das Igrejas dos Remédios e São Sebastião; das praças da Matriz e Dom Pedro II; das pontes “romanas” da Avenida Sete de Setembro; do Teatro Amazonas, do Palácio da Justiça e do Palácio Rio Negro. E ainda os imponentes pórticos do Paço da Liberdade (1879) e do Ginásio (1886); o piso do pavilhão central do Mercado Adolpho Lisboa (1883); alguns mausoléus de famílias tradicionais no Cemitério São João Batista; além de um sem número de degraus, soleiras e meios-fios existentes aqui e acolá, como fragmentos, em várias das casas e ruas mais antigas do Centro.    

  


A pedra de Lioz (ou pedra Lioz, como também é chamada) não é nativa da Amazônia, nem mesmo do Brasil. É um material lítico importado, um dos muitos tipos de calcário existentes no mundo; uma pedra porosa, opaca, de coloração bege ou rosada, cujas jazidas são encontradas com muita abundância em Portugal, mais especificamente no entorno da pequena vila de Lioz, hoje parte integrante da região metropolitana da capital portuguesa, Lisboa (Concelho de Sintra). A presença da pedra de Lioz em Manaus – e também em Belém e São Luís, cidades de forte herança lusitana – se deve ao fato de elas terem vindo como lastro (contrapeso) nos porões semi-vazios dos navios cargueiros que aportavam nas cidades nortistas. Uma vez desembarcadas, e trocadas pelas mercadorias propriamente ditas, elas ficavam nas respectivas cidades, sendo comercializadas pelas lojas de material de construção aqui existentes como “pedra de cantaria” (pedra de corte, de talho) própria para servir de lajedo na pavimentação de pisos internos ou externos, ou no acabamento de portais, alisares, batentes, escadas e outros pequenos detalhes construtivos. Isso porque na região amazônica é notória a carência de pedras de boa qualidade para tais fins. No caso de Manaus, a pedra regional – o arenito do Rio Negro, ou “pedra jacaré” – por ser “esfarelada” e menos sólida, somente se presta para o calçamento tosco de ruas, a construção de muros de arrimo rústicos ou para ser amalgamada como “brita” na composição de certas estruturas.  

  



Em 2004, um estudo científico levado a efeito pela comunidade acadêmica comprovou que as pedras de Lioz existentes no acervo histórico-arquitetônico de Manaus carregam consigo parte da história geológica e paleontológica mais ancestral da Terra, de sorte que sua morfologia é composta por fósseis de seres inferiores (microscópicos) extremamente primitivos – os estromatólitos – viventes ao tempo em que o planeta era dominado por vulcões e mares de temperatura extremamente elevada. Micro-seres estes que foram integrados às rochas calcárias, quando do processo de sedimentação vulcânica das mesmas, há milhares e milhares de anos. Segundo o Dr. Frederico Cruz, cientista que desenvolveu o estudo à época, os estromatólitos seriam estruturas organo-sedimentares que outrora serviram de abrigo para as algas cianofícias, os primeiros seres vivos a habitar a Terra.  


Enfim, independentemente de seu valor científico, o fato é que as pedras de Lioz são elementos de beleza, que valorizam os imóveis a elas agregados, tanto que, até os dias atuais, são utilizadas com relativa frequência na indústria da construção civil em Portugal, compondo muito bem a arquitetura moderna, tanto quanto a antiga. Por isso mesmo, os fragmentos centenários de tal material existentes na capital amazonense devem ser reconhecidos, registrados e muito bem tratados, seja como símbolo de uma época de fausto, seja pelo valor 'per si' que trazem consigo, em termos de solidez, perenidade e elegância.  

 




   

Fonte de Pesquisa

Manaus Sorriso

Fotos: Acervo particular da ‘fan page’ MANAUS SORRISO.





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