terça-feira, 21 de março de 2023

‘Boulevard’ Álvaro Maia

 Marcando a divisa entre a histórica região central da cidade de Manaus e a moderna área comercial/residencial da zona Centro-Sul, corre uma das mais avenidas mais belas e importantes da urbe: o centenário ‘Boulevard’ Álvaro Maia, até fins da década de 1960 chamado de ‘Boulevard’ Amazonas - e até os dias atuais conhecido por todos simplesmente como o “Boulevard”, sem maiores predicações.



ANOS 60


Suas origens remontam à inauguração do Cemitério de São João Batista, em 5 de abril de 1891, e à conseqüente necessidade de melhoria de acesso ao novo campo-santo. Mas a abertura da nova avenida somente ocorreu durante o governo de Eduardo Ribeiro (1982-1896) - época em que o prefeito da cidade, indicado pelo governador, como era de praxe legal, era Manuel Uchoa Rodrigues. Uma gestão que agia em parceria, e que foi marcada pelo grande número de arruamentos na cidade, com a abertura de novos bairros e novas vias ao leste e norte da cidade, principalmente, sendo a obra de maior expressão o bairro da Cachoeirinha, inteiramente aberto e parcialmente urbanizado pela dupla Ribeiro/Uchoa entre 1893/1894. Nesse contexto de modernização, extraímos das notas do jornal “Amazonas”, de 29 de abril de 1893, a seguinte nota elucidativa: “Informam-nos que o Sr. Dr. Superintendente Municipal tem resolvido construir um grande boulevard que, partindo da Cachoeira Grande e passando em frente ao Cemitério de São João, vá ter ao Igarapé da Cachoeirinha. Esta grande artéria deverá ter de quarenta a quarenta e quatro metros de largura”.

O projeto governamental se perfez quase que por completo. De fato, foi rasgado o grande ‘boulevard’, partindo da antiga Estrada da Cachoeira Grande (atual Avenida Constantino Nery), junto ao Reservatório da Castelhana; e seguindo na direção leste após passar defronte ao cemitério. Todavia, por escassez de recursos e falta de continuidade das gestões estaduais/municipais seguintes, certamente, o trajeto previsto da via permaneceria incompleto, sendo interrompido (como é até hoje) na altura da Rua Duque de Caxias, barrado pelo fundo “covão” onde brotam as nascentes do Igarapé do Mestre Chico – local por onde atualmente passa o Viaduto Josué Cláudio de Souza, que perfaz a interligação aérea entre o Boulevard e a íngreme ladeira existente no início da antiga Rua Paraíba.

Apesar de suas belas dimensões, todavia, o Boulevard seguiria ao longo das sete décadas seguintes como o marco limítrofe setentrional entre a zona urbana propriamente dita e os antigos subúrbios da cidade – Mocó, Jirau e Bilhares, correspondentes aos atuais bairros de Adrianópolis, Nossa Senhora das Graças e São Geraldo, respectivamente. Tratado como arrabalde distante, e por conta de um certo grau de superstição devido à proximidade com a necrópole, o Boulevard demorou a se firmar como zona comercial ou mesmo residencial. Daí a total ausência, ao longo de seu curso, de belas construções – sobrados, palacetes, ‘bungalows’ – nos moldes dos existentes em outras vias antigas da cidade. Era apenas um arrabalde, marcado, por mais de meio século, por pequenas e humildes casas de madeira ou alvenaria, localizadas aqui e acolá, em centros de terreno; e por uma e outra taverna (mercearia), que dava suporte às necessidades básicas dos moradores do entorno.
Tudo mudaria em fins da década de 1960, quando Manaus, emulada pela implantação da Zona Franca em 1967, começava rapidamente a se expandir na direção norte. É o momento em que o Boulevard, fazendo jus à sua vocação histórica, recebe pela primeira vez, desde sua abertura, a atenção do poder público municipal, na figura de Paulo Pinto Nery, prefeito da cidade entre os anos de 1966-1969, e um dos mais operantes que a cidade conheceu ao longo de sua história. Paulo Nery, muito bem cercado por um 'staff' de de bons engenheiros e secretários, transformou o Boulevard numa lindíssima e moderna avenida, muito bem pavimentada nas suas duas pistas de rolamento, e cortada ao centro pelo imenso canteiro central existente até hoje, com passeios em ambos os lados e coloridos jardins plantados ao longo de toda a extensão da via. Um paisagismo que seguia à risca a tradição francesa, marcado pela perfeita simetria entre as espécies rasteiras e as árvores eleitas para decorar a avenida – no caso, os exóticos ‘flamboyants’ de origem africana, que apesar de não darem sombra, se enchem de um lindíssimo tom de vermelho-escarlate a cada floração anual. Um paisagismo que se tornou cartão-postal, à época de sua inauguração em 1968, mas que não foi, infelizmente, respeitado pelas administrações mais recentes, que o descaracterizaram por completo, ao introduzirem, à medida em que os velhos ‘flamboyants’ foram morrendo, novas espécies arbustivas e arbóreas - mangueiras, oitis e outras - plantadas ao léu, sem planejamento urbanístico e em total descompasso umas com as outras. O que se critica e se lamenta, com o perdão daqueles que acham graça em tal “balbúrdia botânica”!

O mesmo grau de desprezo das autoridades pela importância histórica do Boulevard é demonstrado na existência do pequeno quarteirão amorfo localizado bem ao final da via, antes do viaduto, e que bem poderia ser desapropriado pelo poder público e convertido numa bela praça, com um projeto paisagístico à altura e uma função social mais condigna com a importância da avenida, passagem diária de milhares de manauaras em seus trajetos diários entre casa e trabalho, e há anos convertida na grande zona médico-hospitalar-necrológica da cidade, com três grandes unidades clínicas (dentre elas o Hospital Getúlio Vargas, da UFAM), diversas farmácias/drogarias, além de importantes casas funerárias e floriculturas localizadas no entorno, que dão suporte logístico à dinâmica quotidiana do Cemitério São João Batista.



O MESMO LOCAL HOJE





   

Fonte de Pesquisa

Manaus Sorriso

Acervos dos senhores Frank Lima e Moacir Andrade

Instituto Durango Duarte.






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