No ano de 1990, uma das bandas de maior sucesso do rock nacional passava por Manaus. No auge da carreira e com a formação mais conhecida, com Renato Russo, Marcelo Bonfá, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha, “Legião Urbana” trouxe à capital amazonense a turnê do álbum “Quatro Estações’’. O CD é visto por muitos fãs como o melhor da carreira do grupo, e contou com as faixas atemporais “Pais e Filhos’’ e “Meninos e Meninas’’.
A apresentação da turnê aconteceu no, hoje extinto, Amazonas Show Club. Os fãs amazonenses lembram com saudosismo a performance da banda, que marcou e revolucionou o rock brasileiro nos anos 80 e 90. Márcio Libório tinha 18 anos na época, e conta que a banda era o que estava na boca de todo mundo.
Ele relembra que presenciou o show junto com os colegas. Um dia antes, foi ao Amazonas Show Club para conhecer o local com amigos. “No bar, o dono foi em nossa mesa perguntar se iríamos ficar muito tempo, pois ele precisava fechar o estabelecimento para uma banda testar a acústica e os instrumentos’’.
Márcio decidiu continuar no local, mesmo fechado, e conta que recebeu um dos melhores presentes do destino: uma breve visão do show da Legião Urbana. “Eles entraram bem simples, de bermuda e chinelo, e pude ver e ouvir de perto, com os portões fechados, a melhor banda que o Brasil já teve’’. No dia, o local tinha apenas 30 pessoas. Márcio afirma com emoção que foi um dos maiores e melhores momentos da vida dele.
No show oficial, o rapaz cantou junto com Renato Russo todas os sucessos da banda. “Eu não os tinha como ídolos na época, mas tudo mudou depois do show que presenciei, foi uma experiência que nenhuma palavra pode descrever’’. Márcio revive as boas memórias e compartilha que a paixão pela banda permanece. Hoje, ele divide com o filho o amor pelo grupo.
Controversos
A banda já passou por vários episódios polêmicos e controversos. Júnior Seixas, que tinha 15 quando presenciou a performance no Amazonas Show Club, conta que o show em Manaus entraria para a lista se fosse transmitido.“Foi uma loucura do começo ao fim, Renato Russo não media as palavras. Ele entrou carregando um buquê de flores e jogou algumas rosas ao público. Com a última, ele fez alguns sinais obscenos, que certamente não seriam permitidos hoje, mas o público adorou’’, conta Júnior.
Júnior tinha o sonho de ter uma banda de rock e diz que Legião Urbana foi uma das referências.“Estar no show do grupo naquela noite foi a realização de um sonho. Eles fizeram todo mundo vibrar, era contagiante, para mim, foi um momento mágico’’, relembra.
A melhor parte do show, para Júnior, foi quando a banda tocou a música Angra dos Reis. “Renato Russo sentou e cantava olhando direto para nós, como se estivesse conversando, era surreal’’, descreve.
Legado
Nem todos os fãs do grupo tiveram a sorte de acompanhar os momentos áureos do grupo. Gabriela de Lima, de 20 anos, herdou dos pais a paixão e fala que gostaria de ter visto um show com a formação original. “Meu pai sempre ouviu muito Legião Urbana, consequentemente, cresci ouvindo as músicas deles. A energia que a gente sente vendo os concertos é incrível, imagine presenciar isso’’.
Gabriela compartilha que pretende prestigiar os integrantes atuais nos novos projetos. A volta da banda na comemoração de 30 anos para a turnê “Legião Urbana XXX anos’’ foi uma boa notícia para ela. “É uma forma de relembrar os bons tempos para quem viveu, e de apresentar para os fãs modernos todo o legado que eles deixaram’’.
Faixada do Amazonas Show Club antes da apresentação do Legião Urbana
Relembre
Fundada em 1982, Legião Urbana é uma banda que dispensa apresentações. Considerada uma das maiores de todos os tempos no Brasil, o grupo carrega uma legião de fãs até os tempos atuais. Com oito álbuns, eles somam mais de 14 milhões de discos vendidos.
Legião Urbana vive com letras que são constantemente relembradas por tratarem de assuntos discutidos até hoje. O grupo tinha uma visão a frente de seu tempo, e carregavam uma extensa e simbólica discografia. Com letras carregadas de críticas político-sociais e falando implicitamente de temas como orientação sexual, corrupção, preconceito e fascismo.
A banda infelizmente teve fim após 14 anos de atividade, com a morte de Renato Russo, mas sua voz continuará sendo ouvida com os clássicos “Que país é esse’’, “Geração Coca-Cola’’ e “Eduardo e Mônica’’.
Fonte de Pesquisa
ANA GADELHA do EM TEMPO
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