quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Bombardeio de Manaus

 Bombardeio de Manaus


Ao passar pela Praça Antônio Bittencourt, mais conhecida por Praça do Congresso, parei para ler uma placa onde consta uma pequena biografia do homenageado. O que mais me chamou a atenção foi a citação sobre um  bombardeio em Manaus, em 1910. 


Isto me motivou a pesquisar sobre este fato histórico.




Na época, o deputado José Duarte, do Congresso do Amazonas (atual Assembleia Legislativa), com base no artigo 43 da Constituição do Estado, que proibia expressamente que o governador tomasse parte em qualquer empresa industrial ou comercial, como membro da administração ou como simples associado, propôs a perda do mandato do Governador Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt (1853-1926).



O governador Coronel Antônio Bittencourt, fazia parte da empresa “Typographica do Amazonas”, ao qual mantinha transações avultadas com o governo do Estado e com os municípios, através do fornecimento de obras civis.


Este fato constitui-se no principal motivo para a mesa do Congresso do Amazonas votar e declarar a perda do mandado do governador Antônio Bittencourt e atribuir ao Vice-Governador Antônio G. Pereira de Sá Peixoto o posto de governador.


O governador destituído não aceitou a decisão do legislativo e, com a resistência dele, houve hostilidades entre as forças estaduais e federais, com tiroteios, estragos, mortes e ferimentos.



Antonio Bittencourt, de forma inconstitucional, expediu ordem de prisão ao vice-governador e a vários deputados estaduais, que ficaram recolhidos no Quartel do 46º Batalhão de Caçadores (obedientes ao Coronel).  O governador Antônio Sá Peixoto pediu proteção das tropas federais, não chegando a ser preso.



O coronel se recolhera ao quartel, depois se dirigiu à bordo do navio capitânia “Comandante Freitas”, mantendo as tropas da polícia em pé de guerra e em tiroteios pela cidade. Tentaram atacar o Quartel General, por outro lado, os militares da flotilha da marinha atiravam para terra, atacando as forças estaduais.


Na briga entre as força federais e estaduais foram computado o seguinte:


Estragos: Palácio do Governo, Quartel General, Intrucção Pública, Gymnazio (Colégio Estadual D. Pedro II), Hospital Beneficente Portuguesa, Hospital Militar, Quartel de Polícia, Teatro Amazonas, Igreja dos Remédios, Cemitério S. João Batista, Mercado Adolpho Lisboa, além de várias casas populares das imediações do conflito armado, sendo a mais danificada a do Dr. Simplício Coelho de Rezende (Praça dos Remédios);


Mortes: Primeiro Tenente João Lins de Carvalho, Praça do exército João de Miranda Reis, Maria Pimentel (12 anos), ferida na casa do Dr. Francisco Magalhães (Rua Leonardo Malcher), dois praças (soldados) da polícia (bairro de São Raimundo), três populares, o arquiteto Emílio Tosi, foi atingindo por uma bala perdida quando almoçava no Café Avenida (Eduardo Ribeiro com a Saldanha Marinho);



Feridos: dezenas de pessoas.


No dia 08 de Outubro de 1910, foi distribuído o seguinte aviso a população de Manaus:


“Insistindo o Sr. Governador do Estado em não passar o executivo ao seu substituto legal, depois de ter perdido o mandato, em virtude do disposto  no art. 43 da Constituição do Estado, as  praças de terra e mar, solicitada pelo vice-governador em exercício, avisam  à população  que vão bombardear a cidade, a começar de 1 hora da tarde, afim de que todos tomem as devidas preocupações para garantia e segurança de suas vidas – Antônio G. Pereira de Sá Peixoto (vice-governador), Coronel Telles de Queiroz (Comandante da 1ª. Região Militar e Francisco da Costa Menezes (Comandante da Flotilha).”


Depois de ler este aviso ameaçador, a população entrou em pânico, abandonando as suas casas e se afastando para os lugares mais distantes – umas quinhentas pessoas, todas civis, se apresentaram para pegar em armas e lutar ao lado das tropas federais.


O Coronel Antônio Bittencourt, refletindo, sem dúvida, sobre as consequências desse bombardeio à cidade, por cujas mortes seria o único responsável, estando também em perigo a sua própria família, conformou-se com a indicação aprovada pelo Poder Legislativo e, passou o exercício do governo ao Dr. Antônio de Sá Peixoto, restabelecendo a paz.



Como podem concluir, não houve de fato um bombardeio total a cidade de Manaus, apenas confrontos entre as forças estaduais e federais (polícia militar, exército e marinha de guerra) – caso o Coronel não tivesse tomada a decisão de passar o governo ao seu vice, com certeza, grande parte da cidade de Manaus estaria destruída.


Por ordem do Presidente da República, Nilo Peçanha, o Coronel Antônio Bittencourt (Partido Democrata) foi reconduzido ao cargo e, governou até 1912, apesar da insatisfação geral da população.


Desde a minha adolescência que olhava intrigado aquelas marcas na parte detrás do Mercado Adolpho Lisboa, somente depois de longos anos, descobri que foram provocadas pelas balas disparadas pela flotilha da marinha – a fotografia foi tirada recentemente e, os restauradores daquele espaço público, não podem, de forma alguma, tampá-las, pois é pura história da nossa cidade. 


Fonte: Blog do Rocha



SINTESE


BOMBARDEIO DE MANAUS – 1910

Em 1908 foram feitas denúncias de corrupção, desvio de dinheiro público e superfaturamento nos contratos públicos, denúncias suficientes para arrastar um governo marcado por disputa politica , culminando no conflito em 1910.

O bombardeio de Manaus foi marcado por atrasos salariais de servidores público, empréstimos feitos pelo governo, crise da saúde pública, políticos vivendo uma vida luxuosa em Paris as custas de um dinheiro que deveria ter sido usado para obras e infraestruturas da nossa cidade.

Esse acontecimento que completa aniversário em outubro, e nada tem de antigo, pois ele nos remete aos nossos dias atuais.

O bombardeio de Manaus é considerado pelos historiadores, o pior ataque armado existente em nossa história manauara.

Vou tentar explicar os fatos ocorridos em 1910 que resultaram esse bombardeio no dia oito de outubro, mas para isso voltemos alguns anos antes.

No ano de 1907, Raimundo Afonso de Carvalho, enquanto ocupava a presidência da Assembleia, foi chamado a assumir o cargo de governador no lugar do coronel Antônio Constantino Nery, que se afastou para uma viagem à Europa. Constantino Nery primeiro pediu afastamento alegando está debilitado e doente, mas devido as fortes pressões, e escândalos de corrupção, renunciou e se exilou no exterior.
Raimundo Afonso ao se deparar com a situação econômica deplorável de nosso estado, reclamou diante da bancada os milhões desviados durante o governo de Nery.

Contratos com empresas inglesas exorbitantes, viagens e mais viagens para a Europa pagas com o dinheiro do contribuinte e a lástima da saúde pública afundada num mar de mortandade em massa.

Doencas como impaludismo, tuberculose, malária, beribéri estavam incontroláveis, se alastravam pelas zonas rurais de nosso estado.

Raimundo Afonso governou o Amazonas até 23 de julho de 1908, quando chegou ao fim o mandato de Antônio Constantino Nery e tomou posse Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt, em 23 de julho de 1908, tendo recebido apoio do Partido Democrata e do governo do presidente da República Afonso Pena (1906-1909).
Antônio Bittencourt foi secretário de finanças no governo de Constantino Nery, e foi duramente massacrado pelos jornais e partidos políticos da oposição.

Os jornalistas o acusavam de fazer vista grossa para os desmandos do ex-governado e que ele optou em simplesmente não fazer nada para impedir.
Em 7 de outubro de 1910, Manaus recebia a visita do deputado Monteiro de Souza, uma grande festa de recepção foi organizada, dos 19 deputados que estavam no Amazonas, 12 estavam na recepção ao político, assim sendo a Assembleia Legislativa não poderia votar nada por falta de quórum, mas não foi isso que aconteceu.

Aproveitando a ausência dos colegas, foi votado o impedimento do Governador Antônio Bittencourt, mediante violência e falsificação de assinaturas.

Silverio Nery vivia no Rio de Janeiro naquela ocasião, mas ele estava muito bem informado de todos os assuntos políticos do Amazonas. Junto com Sá Peixoto e demais membros do congresso legislativo, falsificaram uma ata.

Na ata Antonio Bittencourt declarava sua renuncia.

Na mesma data pela noite, Bittencourt é informado de que as forças do 46º Batalhão e da Flotilha de Guerra estão em prontidão para depô-lo.
O vice-governador Sá Peixoto conseguira o apoio e intervenção das forças federais por meio da uma ata falsificada.

Bittencourt ao saber das ambições para tirá-lo do poder notifica o presidente da República Nilo Peçanha dos fatos e juntamente com o comando da Polícia Militar são tomadas as providências para a defesa da cidade e manutenção de seu cargo.
Amanhece o dia oito de outubro, às 5h30 são iniciadas as hostilidades, tropas federais sobem as ruas Bernardo Ramos e Municipal (atual 7 de Setembro)entrando em combate com a guarda militar do Palácio do Governo, mas são rechaçados.

A flotilha bombardeia a cidade a partir das águas do Rio Negro.
Emissários vão ao encontro de Bittencourt para notificá-lo que o Congresso Estadual havia votado a perda de seu mandato no dia anterior, seu substituto legal seria o vice Sá Peixoto.

São distribuídos folhetos à população pelos dois lados, o governo incita os manauaras a pegar em armas e lutar.

O bombardeio continua até as 17 horas quando finalmente, convencido pelos cônsules da Alemanha, Inglaterra, Portugal, França, Itália e Paraguai, o governador Bittencourt abre mão de seu cargo.

O bairro dos Remédios foi o mais afetado durante o ataque, houve baixas tanto de civis quanto de militares, sendo a maior parte do 46º Batalhão, a Polícia Militar perdeu dois praças nos combates.

Bittencourt após a renuncia se refugia no consulado argentino, e no dia 10 viaja para Belém, onde ficaria pouco tempo, seria reempossado no dia 31 do mesmo mês. Após seu retorno, são abertas investigações para apurar os fatos ocorridos na cidade.

O golpe foi tramado pelo vice-governador Sá Peixoto, Silvério Nery, Porfírio Nogueira e mais seis deputados estaduais mediante atas e telegramas falsos, regidos por facções familiares e político-militares que apoiavam o Marechal Hermes da Fonseca, ordenadas pelo Senador gaúcho Pinheiro Machado.



   

Fonte de Pesquisa

MANAUS DE ANTIGAMENTE

LOUREIRO, Antonio José Souto. Síntese da História do Amazonas, Imprensa Oficial, 1978.



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