quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Manoel Santiago, mestre impressionista amazonense e primeiro pintor abstrato brasileiro

Manoel Santiago, mestre impressionista amazonense e primeiro pintor abstrato brasileiro


Fotografia do pintor Manoel Santiago, 1930-3. Acervo do Projeto Portinari


Manoel Santiago, mestre impressionista amazonense e primeiro pintor abstrato brasileiro


Manoel Colafante Caledônio de Assumpção Santiago (Manaus, Amazonas, 1897 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1987). Pintor, desenhista, professor. Muda-se para Belém em 1903 e inicia estudos de pintura. Em 1919 transfere-se para o Rio de Janeiro, e cursa direito ao mesmo tempo que freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde é aluno de Rodolfo Chambelland e Baptista da Costa. Na época, assiste a aulas particulares de Eliseu Visconti. Casa-se em 1925 com a pintora Haydeá Santiago. Participa em 1927 do Salão Nacional de Belas Artes e recebe o prêmio viagem ao exterior. Vai para Paris no ano seguinte, e lá permanece por cinco anos. De volta ao Rio de Janeiro, em 1932, torna-se professor do Instituto de Belas Artes. Em 1934, passa a lecionar pintura e desenho no Núcleo Bernardelli, figurando entre seus alunos José Pancetti, Edson Motta, Bustamante Sá, Ado Malagoli, Rescála e Milton Dacosta.



Manoel Santiago. "Marajoaras", 1927. Óleo sobre tela, 137 x 223,7 cm. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes.


SOBRE


Marido da pintora brasileira Haydéa Santiago e pai adotivo do pintor primitivo Assunção Santiago, começou seus estudos de desenho e pintura em 1903, quando mudou com a família para Belém do Pará. Aos 22 anos foi para o Rio de Janeiro.


Cursou a faculdade de Direito ao mesmo tempo em que estudava na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de grandes artistas, como Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland. Ainda teve aulas particulares com Eliseu Visconti.


De 1927 a 1932 morou em Paris em gozo da bolsa oferecida pelo governo brasileiro, já que ganhou o Prêmio Viagem ao Exterior no Salão Nacional de Belas Artes. Retornando ao Brasil (1932) foi professor do Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro; integrou o renomado Núcleo Bernardelli junto com Edson Mota, Milton Dacosta, Ado Malagoli, Sílvio Pinto,José Pancetti, entre outros. Sendo mais velho e tendo maiores conhecimentos de arte, serviu como orientador aos seus companheiros nas aulas de pintura e desenho.


Produziu os murais para o Prédio da Alfândega no Rio de Janeiro e para o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool, na mesma cidade.



Manoel Santiago. "Tatuagem", 1929. Óleo sobre tela, 195,5 x 130,87 cm. Acervo do Museu de Arte de Belém.


Obras e exposições


Participou de exposições e mostras como o Salão dos Artistas Franceses, Salão de Outono, criou e expôs o Salão Primavera, Salão Colonial dos Artistas Franceses, Salão de Inverno, Bienais paulistas, cariocas e estrangeiras, Salão Pan-americano, entre outros. Recebeu os mais importantes prêmios e menções honrosas, nos salões de arte no Brasil e alguns no exterior. Possui obras em diversos museus e importantes coleções particulares, no Brasil e no exterior.


É considerado um dos mais notáveis pintores impressionista de sua geração. Era um artista com grande vigor pictórico que produziu inúmeros bons trabalhos de rara beleza, como disse o marchand brasileiro Ricardo Vianna Barradas, que foi amigo do grande artista e de sua família, frequentando por diversas vezes o ateliê de Santiago no Parque Eduardo Guinle, no Rio de Janeiro.


Ricardo V. Barradas diz ainda: " Sobre a vida do grande mestre da pintura brasileira Manoel Santiago existem certas inverdades. Santiago pintou até o último dia de sua vida. Parecia que o menino amazonense tinha herdado, para toda a vida, o vigor da Grande Selva. O ar e a arte, exercitadas diariamente, eram substratos essenciais cotidianos para a vida desse grande artista."


Em homenagem ao pintor, o antigo Museu de Manaus, no Estado do Amazonas, chama-se hoje Museu Manoel Santiago. Atualmente não existe nenhum representante legal de sua arte, assim como não existe nenhum projeto oficial do artista no Brasil.




   

Fonte de Pesquisa

Pintura Brasileira.com Manoel Santiago






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terça-feira, 17 de outubro de 2023

A DONZELA DESNUDA DO PALÁCIO RIO NEGRO - MEDUSA

 A DONZELA DESNUDA DO PALÁCIO RIO NEGRO



TAMBÉM CHAMADA DE MEDUSA.


🔅 𝐎 𝐒𝐈𝐌𝐁𝐎𝐋𝐈𝐒𝐌𝐎 𝐃𝐀 𝐃𝐎𝐍𝐙𝐄𝐋𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐍𝐔𝐃𝐀
A análise simbólica, onde moram os aspectos conceituais e culturais adquiridos socialmente, é um tema que muito me atrai. E a escultura escolhida para esta análise nos brinda com um leque de possibilidades de significados: um êxtase para a busca dos sentidos. Então, vamos nos deter nos seus detalhes e buscar alguns significados simbólicos.
Esta escultura faz parte do acervo do Centro Cultural Palácio Rio Negro, localizado na Avenida Sete de Setembro, Centro HIstórico de Manaus. Está disposta nos jardins de entrada do prédio que foi morada de um dos barões da borracha. Não foram encontrados registros sobre sua procedência nem autoria. E isso só nos deixa mais curiosos sobre esta obra.
▪️ CORPO DESNUDO
Ao entrar em contato com a obra, seu poder de signo icônico já nos traz à mente diversos significados pela sua exposição de corpo desnudo. Este, pode ser considerado como símbolo de sedução, provocação, pela posição em que se encontra, como a convidar o olhar do espectador, a passear por suas curvas sinuosas, estando assim mais ligado à luxúria e exibição vaidosa, que à pureza e inocência. Isso se dá pela posição em que se encontra e pelos diversos elementos simbólicos que lhe complementam.
▪️ AS SERPENTES
Entre os muitos que podemos encontrar para a serpente, elas conferem à nossa escultura, um sentido de maldade, sedução e traição, associando à mulher todas as figuras de divindades terríveis. A mulher é uma sedutora e representa o “principio do mal inerente a tudo o que é terreno”.
▪️ CACHO DE UVAS
Em seus cabelos, além das serpentes, é possível perceber um cacho de uvas. Esta fruta é um símbolo de Dionísio ou Baco, deus do vinho e das festas dionisíacas ou bacanais. Rituais que envolviam, além de muita bebida, sexo livre e diversos parceiros, sendo portanto, a festa dos prazeres carnais. Cirlot (1984), acrescenta que por ser um fruto, a uva nos remete à fertilidade e também, por sua ligação ao sangue, ao sacrifício.
▪️ O CRÂNIO
O medalhão em forma de crânio, que a figura traz em seu pescoço, pode fazer uma referência à inteligência e à morte, mas também simbolizam transitoriedade. Talvez afirmando que a beleza física é um atributo finito.
▪️ A MAÇÃ
A maçã ou o fruto que a figura segura em sua mão esquerda, nos remete ao fruto do “pecado original”, que levou Adão ao pecado e à conseqüente expulsão do paraíso; também pode significar desejo e o caminho para o conhecimento, já que descrita na Bíblia como “o fruto da árvore do bem e do mal”. Significa ainda fertilidade, amor, imortalidade e vida.
A escultura aqui analisada, traz a maçã escondida na mesma mão que segura uma máscara de teatro. Este fruto não pode ser visto quando a figura é observada frontalmente. Como se a sedução se fizesse em etapas, primeiro com a nudez, depois com as serpentes e finalmente com o fruto do pecado. Como vimos até aqui, a obra nos remete, com todos os seus elementos, ao desencadeamento dos desejos materiais.
▪️ MÁSCARA DE TEATRO
Esta máscara pode significar a personificação de espíritos e poderes, bem como o “espetáculo da vida”, representado pelas máscaras teatrais no final da Antigüidade. Como elemento teatral ela significa disfarce. Embora seu significado simbólico seja bem maior que isso, chegando a representar a metamorfose.
Inserida no emaranhado de outros elementos simbólicos, a máscara nos remete a pensar a metamorfose humana, a transformação do sedutor para outra coisa. A máscara ainda não foi colocada, ela se esconde assim como a maçã. Num desencadeamento que induz a pensar que a partir da sedução, depois um outro caráter habitará o corpo nu.
▪️ PUNHAL
A figura traz, oculto em sua mão direita, um punhal, acrescentando a lista dos elementos que não se mostram de mediato ao espectador, fazendo-nos pensar numa sequência lógica e narrativa para a peça. Este punhal, se tomado como arma, significa poder e serve tanto para o ataque quanto para a defesa. No entanto, da forma como este aparece, nos faz crer que está preparado para o ataque. Com ele, se poderia pensar que o ciclo se fecha: o corpo nu e sensual chama, num primeiro momento à sedução pelo olhar; depois, as serpentes enfeitiçam, o fruto é oferecido, a máscara é colocada e o punhal se mostra fatal. Sedução, traição e fatalidade, seriam possíveis leituras para esta peça intrigante.




🔅 𝐓𝐄𝐂𝐄𝐍𝐃𝐎 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐈𝐆𝐍𝐈𝐅𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎𝐒 𝐒𝐈𝐌𝐁𝐎́𝐋𝐈𝐂𝐎𝐒

▪️ EVA
É interessante buscar na literatura algumas referências à figura da Eva, porque a escultura, através de sua carga de elementos simbólicos (serpente e fruto), nos remete a essa personagem. O livro do Gênesis, que discorre sobre os primórdios da humanidade, no conta que Deus criou os céus e a terra e todas as coisas vivas. Ao ver que isso era bom, criou o homem à sua imagem e semelhança e de sua costela, Eva foi gerada.
Eva representou uma companheira submissa desde sua concepção, uma vez que é gerada de uma de suas costelas. No entanto, mesmo submissa ao homem, cabe a ela a escolha pelo “conhecimento da verdade” através do fruto da árvore proibida. Então, Eva carrega para todo o sempre a culpa de ter levado o homem a pecar, de ter sido expulsa do paraíso e de ter começado uma vida de trabalho, sofrimento e morte para a humanidade. Eva, então, carrega o princípio da vida humana, da finitude humana.
▪️ MEDUSA
Não foi sempre que Medusa carregou o fardo pelo qual é conhecida. Era muito bela e imortal, mas conseguiu enfurecer a poderosa deusa Atena ao copular com Poseidon (deus do Mar) em um de seus templos. Como castigo Atena a transformou, junto com suas irmãs, em criaturas medonhas, megeras repugnantes. Contrastando com a beleza de outrora, agora apresentavam a pele escamosa, cabelos em forma de serpentes venenosas, mãos de bronze e asas de ouro; suas línguas eram protuberantes, cercada por presas de javali. Medusa foi a mais castigada, virou mortal e mais petrificadora das três.
O olhar de medusa foi o seu pior castigo. Por transformar em pedra tudo o que a fitasse, este a impedia de manter contato com qualquer outra criatura. Vivia reclusa com suas irmãs no extremo do mundo e sua morada formava fronteira com o reino das trevas. Ao seu redor se espalhavam figuras petrificadas de homens e animais que, por descuido, olharam-lhe.
Medusa foi morta por Perseu, fundador de Micenas. Quando criança, junto com sua mãe Dânea, foi lançado ao mar por seu avô, o rei de Argos – Acrísio –, temendo a concretização de uma profecia: Perseu o mataria. Foram resgatados e entregues ao rei de Sérifo, Polidectes. Passado anos, já adulto, Perseu recebeu a missão de matar Medusa e entregar sua cabeça a Atena. Auxiliado por esta, equipou-se com sandálias aladas, elmo de invisibilidade, escudo brilhante e a espada de Hermes, e seguiu para o reino das Górgonas. Fazendo uso de suas ferramentas mágicas, conseguiu aproximar-se de Medusa, sem ser petrificado, e a decapitou. Do sangue, que escorria da cabeça decapitada, formou-se dois seres, o gigante Crisaor e o cavalo Pégaso. Perseu recolheu o sangue de Medusa; da veia esquerda saiu um poderoso veneno, da direita um remédio capaz de ressuscitar os mortos.
Da aparência mítica de Medusa, podemos abstrair inúmeros significados simbólicos e percebemos o quanto são importantes para se entender o homem no contexto social e psíquico. Medusa trazia em si o remédio da vida, mas sempre fez uso do veneno da morte. Da mesma forma a mulher foi vista pela sociedade em vários períodos da história, e ainda hoje. Tem o poder de dar à luz, mas sempre foi relegada ao segundo plano por ser considerada uma criatura vil e traiçoeira. Esse pensamento é fruto de uma sociedade patriarcal que sempre reprimiu a sabedoria e os poderes sacerdotais e xamânicos femininos.
O mito de Medusa nos alerta sobre nosso mundo interior, o inconsciente. Se entrarmos despreparados nesse mundo, podemos ficar paralisados com o que lá encontraremos. A culpa é o nosso olhar petrificante e o arrependimento é a cura imediata.
▪️ O MITO DA FÊMEA FATAL
Algumas leituras podem ser feitas a respeito dessas personagens femininas, tão recorrentes na história da arte. No entanto, é preciso entender um pouco porque elas ganham tão grande destaque no final do século XIX e início do século XX. No final do romantismo, primeira metade do século XIX, a figura da mulher fatal disputava espaço com um homem conquistador, representado pelo Don Juan.
Na segunda metade do século XIX, começam a ganhar destaque as versões femininas dessa decadência moral. A literatura e o teatro, popularizaram essas personagens conferindo-lhes um destaque dramático aos seus aspectos diabólicos e sedutores.
É nesse momento que se constrói essa imagem da mulher, como responsável pela decadência do homem e por todos os males que assolam a humanidade. A escultura aqui analisada, nos oferece a possível materialização desse pensamento, sendo o retrato da Medusa ou de Eva. Em todos os elementos há um caráter de dualidade, valores morais que tendem para o bem e para o mal. No entanto, sabendo que no período provável da construção da peça (final do século XIX e início do século XX), o pensamento corrente dava à mulher esse papel de fêmea fatal, a leitura dos signos buscou essa teia de significados.
▪️ COMENTÁRIOS FINAIS
Em todos os tempos a arte se apresenta como expressão do humano. O artista capta os humores do seu tempo e o transforma em algo material e duradouro. Os pensamentos se modificam, mas a arte permanece para nos lembrar do processo. E em um momento em que a leitura da imagem é o que há de mais evidente e explorado, vale a pena retomar nossas obras públicas e buscar nelas a relação com nosso passado, construindo assim, a nossa história. Assim como vale a pena passear pelos logradouros públicos da cidade e observar as obras ali colocadas. Elas têm um porquê de estarem ali, trazem uma história. Seria interessante sair em busca desses significados e relacionar com a história da cidade, assim perceberíamos o que temos de particular e universal.
O mito da fêmea fatal, representado na escultura do Centro Cultural Palácio Rio Negro, permanece até hoje, nas músicas, nos filmes, nos comerciais de TV, nas novelas. É a mulher, sedutora que desencadeia todo o mal. O corpo feminino hoje é um dos principais apelos da comunicação de massa, se tornou produto. É um outro processo de mudança de mentalidade: de fêmea fatal para produto comercial. Mas daí, já são outros significados que exigem outra leitura. Contudo, o estudo da semiótica peirceana pode ser um caminho para a busca desses sentidos.
𝙴𝚜𝚝𝚎 𝚝𝚎𝚡𝚝𝚘 𝚎́ 𝚙𝚊𝚛𝚝𝚎 𝚒𝚗𝚝𝚎𝚐𝚛𝚊𝚗𝚝𝚎 𝚍𝚎 𝚞𝚖 𝚊𝚛𝚝𝚒𝚐𝚘 𝚙𝚞𝚋𝚕𝚒𝚌𝚊𝚍𝚘 𝚒𝚗𝚒𝚌𝚒𝚊𝚕𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎 𝚗𝚊 𝚁𝚎𝚟𝚒𝚜𝚝𝚊 𝙵𝙼𝙵: 𝙴𝚍𝚞𝚌𝚊𝚌̧𝚊̃𝚘, 𝚂𝚘𝚌𝚒𝚎𝚍𝚊𝚍𝚎 𝚎 𝙼𝚎𝚒𝚘 𝙰𝚖𝚋𝚒𝚎𝚗𝚝𝚎. 𝚅𝚘𝚕𝚞𝚖𝚎 𝟽. 𝙽º 𝟸. 𝙹𝚞𝚕/𝙳𝚎𝚣 𝟸𝟶𝟶𝟽.



   

Fonte de Pesquisa

PANEIRO.BLOGSPOT



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Jackson da Mata e o livro IVAN O MENDIGO QUE SOCAVA O ROSTO



Jackson da Mata nasceu na cidade de Manaus, capital amazonense, em 1983, onde foi criado. Durante sua trajetória, atuou em ONG missionária de cunho social. Em 2015, criou o selo Porto de Lenha, tendo lançado centenas de escritores brasileiros, auxiliando no enriquecimento da cena literária. 

Idealizou e coordenou alguns prêmios literários, que alcançaram excelentes índices de engajamento. Organizou diversas coletâneas, como os volumes da "MPB: Miscelânea Poética Brasileira," a "Antologia de Prosadores e Poetas Brasileiros Contemporâneos," "Cartas entre Escritores" e "Corolário da Alma", demonstrando seu comprometimento com a promoção da literatura nacional. 

Além de suas contribuições como editor, também é autor de diversos livros, abordando uma ampla gama de temas que vão desde a ficção e não-ficção até a literatura cristã. Entre suas obras estão títulos como "A próxima cartada," "O escalpo da ribeirinha," "Servir: o maior dos desafios," "A importância de valorizar as coisas simples da vida para ser feliz," "Senda alada," "A dor das marcas invisíveis," "Saindo da masmorra," entre outros.


RECENTEMENTE JACKSON FEZ UM LIVRO CONTANDO A HISTÓRIA DO MENDIGO IVAN, TALVEZ O MENDIGO MAIS CONHECIDO DE MANAUS.


BAIXE O LIVRO PARA VOCÊ CLICANDO A IMAGEM ABAIXO


FOTO IVAN by JAIR COSTA | @eusoujaircosta


SINOPSE | Lançado livro baseado na vida de IVAN, O MENDIGO QUE SOCAVA O ROSTO no centro de Manaus | Prepare-se para uma leitura envolvente! Está disponível gratuitamente o livro de ficção inspirado na vida do enigmático mendigo que ficou famoso por socar o próprio rosto nas ruas de Manaus. Esta obra intrigante promete mergulhar os leitores em uma narrativa cativante, explorando os complexos pensamentos de Ivan, o protagonista. Uma oportunidade de explorar as trilhas da mente humana e conhecer o enigma por trás do personagem que intrigou a cidade de Manaus.
A narrativa mergulha na descrição vívida de Manaus, capturando a essência da cidade e sua atmosfera. Neste cenário, o mendigo é apresentado de uma maneira que desperta a curiosidade dos leitores. Seu comportamento peculiar, o hábito de socar o próprio rosto, cria um mistério em torno de seu personagem.
A história começa com a descoberta do caderno do mendigo, que contém suas reflexões. Essas páginas são a porta de entrada para as complexidades da mente de Ivan, o mendigo mais conhecido de Manaus.
A faceta deste livro está nestes escritos, em suas reflexões sobre a realidade, o tempo e a identidade, que acrescentam camadas à narrativa, elevando-a para além de um simples retrato da vida de um morador de rua.

O IVAN


Ano passado (2022) conversei com a senhora Aparecida Mattos, 87 anos, que residiu por vários anos na rua Simão Bolívar, próximo a Praça da Saudade, ela o conhecia bem.
O nome dele era Antônio Gusmão, foi professor na década de 60 em uma escola em Manaus (ela não lembra de qual), lecionava física e falava 3 idiomas.



   

Fonte de Pesquisa

JACKSON DA MATA




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sábado, 14 de outubro de 2023

DEBORAH ERÊ - GRAFITEIRA


DEBORAH ERÊ


Deborah Erê, a artista que criou o grafite "CRIADORA DE SI" que está no paredão do Palácio do Comércio nos contou um pouco sobre ela.

DEBORAH

Nascida em São Caetano do Sul, interior de São Paulo, Deborah Erê é grafiteira, tatuadora, professora em uma escola pública de Manaus, artivista ambiental e “uma devota da Deusa Arte” — como ela também se define. 

Na capital amazonense, onde mora há mais de uma década, Deborah concluiu uma graduação em Artes Visuais, se profissionalizou e fincou raízes junto com as sereias e mulheres empoderadas que compõem suas obras.

No mês de setembro de 2023, ela também finalizou a obra “Criadora de Si”, uma pintura de 80 metros do prédio Palácio do Comércio, no Centro de Manaus. A empena – como é tecnicamente chamada a parede sem abertura do prédio que recebe a pintura, integrou o projeto nacional Contemporâneas Vivara, um projeto de arte de rua que convida mulheres artistas a uma experiência cujo fio condutor é a arte e a poesia. Manaus foi uma das cinco metrópoles integrantes da terceira edição do projeto, ao lado de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.








   

Fonte de Pesquisa

Pela própria DEBORAH ERÊ





















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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

POETAS AMAZONENSES

 Para os que desconhecem a rica literatura amazônica, apresento, ora, alguns dos principais poetas do Amazonas. Alguns conhecidos do grande público, outros, nem tanto. Porém, todos de grande qualidade. Certamente há muitos outros poetas e autores, mas, por ora, limito-me à esses de minha predileção.



THIAGO DE MELLO

Thiago de Mello nasceu em Barreirinha em 1926, “um dos poetas mais influentes e respeitados no país”, e de importância mundial. É autor das seguintes obras poéticas: Silêncio e Palavra, Edições Hipocampo, Rio de Janeiro, 1951; Narciso Cego, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1952; A Lenda da Rosa, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1956; Vento Geral (reunião dos livros anteriores e mais dois inéditos: Tenebrosa Acqua e Ponderações que faz o defunto aos que lhe fazem o velório), Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1960; Faz Escuro mas eu Canto, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1965; A Canção do Amor Armado, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1966; Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1975; Os Estatutos do Homem (com desenhos de Aldemir Martins), Editora Martins Fontes, São Paulo, 1977; Horóscopo para os que estão Vivos, Edição de luxo, ilustrada e editada por Ciro Fernandes, Rio de Janeiro, 1982; Mormaço na Floresta, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1984; Vento Geral, Poesia 1951-1981, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro 1981; Num Campo de Margaridas, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1986; De uma vez por todas, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1996; Campo de Milagres, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998; Poemas preferidos pelo autor e seus leitores: edição comemorativa dos 75 anos do autor, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.


EMBALO DE REDE

“L’amour s’en va comme cette eau courante
L’amour s’en va
Comme la vie est lent
Et comme la espérance est violente”
Apollinaire

O nosso amor só se acaba
se for para começar.
Te perdes longe de mim,
para poder me encontrar.

Todo fim sabe a começo.
Na fundura do teu peito
dorme a clave do milagre
cujo segredo mereço.

Sozinho mais te proclamos
a pessoa preferida.
Asa de garça, pendão
no vento, estrela da vida.

que te cante a paz no peito.
Não é bênção para mim,
que perto estou já do fim.
te quero tanto, que tanto

dentro de ti me perdi.
Só pra sonhar que erga voo
de pássaro prisioneiro
a luz que lateja em ti.

No entardecer do Andirá,
na madrugada do Ramos,
8 de janeiro 98.


É COMO AMAR

Sou poeta, sou simplesmente
um ser limitado e triste,
sujo de tempo e palavras.
Contudo, capaz de amor.
Que este ofício de escrever,
sem tirar nem pôr, é o mesmo
que o ofício de viver;
quero dizer o de amar.

Entre as águas do Amazonas,
do Sena e do Mapocho, 94 a 97.


DIÁRIO DE UM BRASILEIRO

O brasileiro convive bem com o escândalo moral.
Os ladrões infestam os salões de luxo,
os Bancos estouram, os banqueiros
são cumprimentados com reverência,
o presidente do Congresso chama o senador
de bandido, sim senhor, vossa excelência.

O Presidente diz pela televisão
que “é preciso acabar com a roubalheira
nos dinheiros públicos”.
As pessoas das cidades grandes
vivem amendrontadas, qualquer
transeunte pode ser um assaltante.
As meninas cheiram cola. Depois
vão dar o que têm de mais precioso
ao preço de um soco na cara desdentada.

O brasileiro convive com o escândalo
como se fosse o seu pão de cada dia,
com uma indiferença letal.

Como se dormir na cama com um rinoceronte,
mas rinoceronte mesmo,
fosse a coisa mais natural do mundo,
chegando a cheirar camélias.

§. O povo, um dia.

Do povo vai depender
a vida que vai viver,
quando um dia merecer.
Vai doer, vai aprender.


MELLO, Thiago de. Campo de Milagres. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. p.27-28, p.181
MELLO, Thiago de. Poemas preferidos pelo autor e seus leitores: edição comemorativa dos 75 anos do autor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 218-219



ANÍBAL BEÇA

Aníbal Beça nasceu em Manaus em 1946, e faleceu em agosto de 2009. Fora poeta, compositor, tradutor, teatrólogo e jornalista. Integrou o Clube da Madrugada, e pertenceu à Academia Amazonense de Letras. Em 1994 recebeu o Prêmio Nacional Nestlé, em sua sexta versão, com o livro Suíte para os Habitantes da Noite. É autor de Convite Frugal, Edições Governo do Amazonas (1966); Filhos da Várzea, Editora Madrugada (1984); Hora Nua, Editora Madrugada (1984); Noite Desmedida, Editora Madrugada (1987); Mínima Fratura, Editora Madrugada (1987); Quem foi ao vento, perdeu o assento, Edições Muraquitã (teatro, 1988); Marupiara – Antologia de novos poetas do Amazonas, Edições Governo do Amazonas (organizador, 1989); Suíte para os habitantes da noite, Paz e Terra (1995); Ter/na Colheita, Sette Letras (1999); Banda da Asa – poemas reunidos, Sette Letras, (1999); Folhas da Selva, Editora Valer (2006); Chá das quatro, Editora Valer (2006); Águas de Belém, Editora Muhraida (2006).


POSSO LER SUA MÃO?


Por acaso estou ao acaso
à espreita do ocaso de casos
que fogem ao casulo de cada um
cada caso é um caso:
coletivo casual
&
a esperança
é a primeira que corre
na pista da revelação
de que Deus é brasileiro
de papo amarelo
de olhos azuis
de longa cabeleira verde
&
sua túnica branca
se envergonha
diante
do
sutil
insulto/inconsúltil

Consulte a quiromante
diria o poeta ao acaso
Torne-se amante
da jogadora de búzios

Abra sua alma
à geografia astral
&
do mapa
solte sua tara
engastada no gogó
de enforcado do Gólgota
e encarte-se no tarot

Diria ainda o poeta
aos de alma ecológica
aos de paz celestial
– entre um Saddam & um Clinton –
            sirvam-se
            de um drink de Santo Daime
            alistem-se nas forças armadas
            do exército da salvação
            da Irmandade da Cruz:
                                                  remember Jim Jones
                                                  bispo Macedo?


                                                           XÔ SATANÁS!

O salário do pecado é a morte!
Disse um pastor aos paaca-novas
enquanto 77 kaiwás & guaranis
– inclusive meninas de 15 anos –
seguiam o exemplo de Judas
pelo nó da culpa

Os pajés aposentaram Jurupari
não espanam mais os males
nem as curas
nem o uso de plantas medicinais
Os chocalhos  os trocanos  gambás
se calaram
estão vazios os sons de Uakti
nem se sabe mais
o gosto gostoso
do tarubá  yagé  caxiri

&
a língua pentecostal
(juntamente com os fuzis
da senhora Calha Norte)
é quem defuma
o que era rito
do seu tauari

Quando chegar o natal &
depois o carnaval
a tradição manda
 na santa semana
que se coma novamente
o cólera
nos peixes que vêm
do Peru
de páscoa &
choquemos
os ovos de magos coelhos
alquimistas férteis
da terra de Brida de Nosso Senhor
promissora & prometida
aos olhos de espiar a fé
num teto qualquer
nem que seja nos viadutos
da paulicéia da garoa
embaixo das 1a 2a 3a pontes
dos elevados da Manaus moderna
ou
no aterro do Flamengo

tudo sob às vistas
do redentor   que lindo!
& os expulsos
dos campos
posseiros sem posses
sem terras
sem tetos
querendo um cantinho & um violão
Que bossa a nossa
Nova?
Nem tanto
Que bosta
a nossa de cada mangue
alagada entre as nossas pernas
Ah  chuvas de março!
 Mocambos
bodós-na-lama
palafitas
igarapés
nos dai hoje
as fezes de ontem
que engordam
os jaraquis de domingo
&
os caranguejos de cada dia do ano
na comunhã do nosso cotidiano
mínimo
Ó salário minguante
como a lua dos vira-latas
 uivando para
a seguridade
magra
social  socialites
carajás de caras sujas
na rima dos marajás
do mar de Búzios
 Margarita & Aruba
É
Deus é brasileiro
&
cada um
herdará um lote de azul
livre de IPTUs
quando estiver sentado
de cócoras com ele
à sua direita ou à sua esquerda
Por acaso
o poeta está à espera
dessa aliança?
Mesmo em preto & branco
Sem technicolor by de luxe?

A ilusão
 fica por conta
dos olhos do mundo:
porque por aqui vai tudo bem
como no ano que vem
por que Deus é brasileiro
gosta de carnaval & e agora anda
amarrado
ao boi-bumbá
(quem não gosta é intelectual e pentecostal)
&
gosta ainda de levar
um céu de vantagens
Certo?
E assim prosseguimos
a reboque do fusquinha
numa paz ecológica
juntamente com os galos-da-serra
os micos-leões
& os jacarés de Nhamundá
Sempre abençoados
pelo santo descamisado
São-Francisco-de-Assis-é-dando-que-se-recebe

Quando o carnaval passar
o traficante estará nas salas de aula
fazendo campanha
pela privatização do ensino
Privado de tod o mundo uni-vos!
Os homens de branco
hipócritas/Hipócrates
penduram troféus
estropiados ex-votos
nos imundos corredores
dos estaleiros de plantão
&
nós comendo casca de ferida
querida
porque tumor
amor
não os seduz
assim como o cancro  a AIDS  o pus
exsudato de votos

amealhados em consultas
datapreviamente & pagas assepticamente
Lazarentos de
todo o mundo   uni-vos!
Sabemos todos
ser um caso de polícia
mas as virgens
os parentes dos chacinados
os sequestrados
os estuprados
&
principalmente os de boa fé
preferem relaxar & gozar
Estuprados de
 todo o mundo   uni-vos!
Ave mesa
das nossas refeições
onde comemos os ossos do ofício
&
as espinhas
do desemprego e da inflação
Santificada seja a nossa poupança
venha a nós o vosso over
assim como nas DBs
como no Fundão
&
não nos deixai cair
na sarjeta
sem
que tenhamos
as notas verdes
da aposentadoria
de cavalo-do-cão
amém


XXXIX

Giga para curta viagem e ir na paixão

Ir na boleia sem teu coração
Não quero não
Ir na viagem verde de olhos verdim
Eu quero sim
Ir de carona sem levar paixão
Eu não quero não
Ir na tua asa feito passarim
Eu quero sim
Ir na clara nuvem sem tesão
Não quero não
Ir na tua boca doce alfenim
Eu quero sim
Ir na esperança sem tua canção
Não quero não
Ir na tua gruta e plantar um jasmim
Eu quero sim
Ir na voz do gozo com meu flautim
Eu quero sim
Ir na tua loucura até o fim
Eu quero sim  eu quero sim  eu quero sim


PALAVRA-PALAVRA

Mais difícil sentir-te
do que decifrar-te:

Palavra de Honra
(pacto de escorpiões)
 Palavra de Amigo
(assovio de sereias)
                                   Palavra de Ordem
                                (diálogo de surdos)
                                   Palavra de fé
                                (gosma de lesmas)
PALAVRA
lavoura de muito adubo
esterco quarto-minguante
pá de re-mover mica
e re-lavrar o brilho
do
ab-surdo!


BEÇA, Aníbal. Banda da asa: poemas reunidos. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998. p.98, p.267-268, p.353-360



ASTRID CABRAL
Astrid Cabral nasceu em Manaus em 1936. Integrou o Clube da Madrugada. Recebeu o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (1987) com Lição de Alice; o Prêmio Nacional de Poesia Helena Kolody (1998) com Intramuros; o Prêmio Nacional de Poesia da Academia Brasileira de Letras (2004) com Rasos d`água. É autora de Alameda, 1963; Ponto de cruz, 1979; Torna-viagem, 1981; Zé Pirulito, 1982; Lição de Alice, 1986; Visgo da terra, 1986; Rês desgarrada, 1994; De déu em déu, 1998; Intramuros, 1998; Rasos d`água, 2003; Jaula, 2006; Ante-sala, 2007; Antologia Pessoal, 2008; 50 Poemas escolhidos pelo autor, 2008; Les doigts dans l'eau, 2008; Cage, 2008.


A FOGUEIRA

Em dezembro, sonhar com janeiro,
em janeiro pensar: fevereiro
vai ser bem diferente
A semana inteira chocar o sábado,
no sábado, esperar o domingo.
No domingo dizer: no outro, quem sabe?
O tempo todo apoiar-se na bengala
da ilusão, a preferir a cegueira
à visão do abismo.

Cansei-me da farsa.
Fiz uma fogueira, joguei
a esperança dentro dela
e arregalei os olhos.


NAVIO-ESQUIFE

Correm as águas do rio
corre veloz o navio.
Entre as faces do vento
entre as faces do tempo
corremos nós.

Ao abraço de que foz
viajam as águas
viajamos nós?

Árvores nas margens
céleres passam
sob remansos de céu
onde se apaga o sol.

Eis que longe o porto
acende seu colar de luzes:
grinalda para os mortos
que no navio-esquife
ante-somos todos.


CARESTIA

Amor custa bem caro.
Mesmo assim depenamos bolsos
e bolsas de moedas raras.
Por ele pagamos, em prestações
nem sempre suaves, quanto
de entrada supúnhamos
de todo não poder:
o alto preço dos sustos,
a conta escorchante
das noites em claro,
os juros extorsivos
do medo de perdê-lo,
a tristeza do saldo zero.
Queixamo-nos de carestia
se de amor-próprio ainda
nos sobra algum trocado,
mas que fazer quando só
amor é o lucro que buscamos?


CABRAL, Astrid. De déu em déu: poemas reunidos (1979/1994). Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998. p.31, p.37, p.52



ELSON FARIAS
Elson Farias nasceu em Itacoatiara em 1936. Integrou o Clube da Madrugada. Pertence à Academia Amazonense de Letras. É autor de Barro verde, Manaus, União dos Estudantes do Amazonas, 1961; Estações da várzea, Manaus, Ed. Sérgio Cardoso, 1963; Três episódios do rio, Manaus, Ed. Sérgio Cardoso, 1965; Ciclo das águas, Ma­naus, Governo do Estado do Amazonas, 1966; Dez canções primitivas, Manaus, ed. do au­tor, 1968; Um romanceiro da criação, São Paulo, Monumento, 1969; Do amor e da fábula, Rio de Janeiro, Ar­te nova, 1970; Imagem, Rio de Janeiro, Conquista/Academia Amazonense de Letras,1976; Roteiro lírico de Manaus em 1900, Ma­naus, Governo do Estado do Amazonas,1977; Made in Amazonas, Manaus, Puxirum,1978; Palavra Natural, Brasília, Clube de Poesia e Crítica, 1980; Romanceiro, Manaus, Puxirum, 1985; Balada de Mira-anhanga, Manaus, 1993, A destruição adiada, Manaus, 2002; Memórias Literárias, Manaus, Valer, 2005; As aventuras do Zezé – Viajando pela História do Amazonas, Manaus, Valer, 2012.


UMA CANÇÃO DE GESTA

1.

Vida carente de vida,
mundo vivo sem vivente,
úmida noite de chuva
que canta e sabe o que canta

e não repete esse canto
só para fazer de conta,
para dizer que viveu
vivendo o que jamais viu,

que matou onça a cacete,
a nado atravessou rio.


1.1

Vou contar aqui as vidas
do menino que nasceu
às margens do riomundo,
riomundo que o sorveu

folha seca no remanso,
redemoinho do rio.

1.2

Existia pelas águas
mariscando pedra e praias,
vivia dos benefícios
que o rio lhe concedia.

Vivia dos benefícios
da ribanceira de insetos,
da água e da lama que
lhe davam peixes de escama.

Se alimentava de peixes
igual a uma ave de inverno,
se de carne, só de caça,
nas fronteiras desse inferno.

Morreu por dentro dos raios
noite negra, escuridão,
se enrolou no seu lençol
pra não ouvir o trovão,

sofreu de febre e frieira,
provou do ardor da sezão.

1.3

Foi tentado pelas almas
por detrás da vã certeza,
tremeu como treme
verde contra a correnteza.

Viu uma caveira viva
de homem bêbado no rio,
caveira com claros traços
de vida a cobrir-lhe de aura,

caveira toda roída,
roída de fio a fio,
de afogado sem beleza,
marca amarga deste rio.

1.4

Se refez da morte certa,
peixe armado com as galhas,
lutando contra a sua linha,
perdido nos seus anzóis.

Se refez da morte certa
precisando atravessar
o Amazonas de banzeiros
no tempo dos temporais.

1.5

Perseguiu os bichos fêmea
como se busca mulher,
soube da morte de um homem
sandeu de amor por mulher.

1.6

Dizia de cor os nomes
dos motores que passavam,
corria a chamar os outros
se via um de nome novo,

companheiros do alvoroço
que lhe enchia o coração
quando vestia uma roupa
nova, da linha ao botão.

1.7

Ouviu com olhos abertos,
mas, abertos de doer,
as histórias que contavam
da vida para ele ouvir,
histórias sempre mentidas
porque não lidas, ouvidas

e se ouvidas, corrompidas.
Não lidas porque, a não ser
um ou outro de mais sorte,
ninguém se arvorava a ler

e escrever sabiam poucos,
um escrever sem ideias
de garranchos e borrões,
não pela pena ruim

mas pela rude ignorância
sem um dedo de pudor,
com arroubos literários,
veleidades de escritor.

2.

Os seres mortos aterram,
aterra a figura falsa,
flores de pano sem água,
fruta sem ar de quintal.

Vejo em tudo a vida avara
do menino que encontrei,
futuro sem ser futuro,
letra falida de lei,

caibro de casa caída,
solidão das que eu andei.

2.1

Chorar, não mais, porque choro
não convence, e o convencer
a chorar, fere o decoro
de homem feito pra viver.

2.2

Por isso conto esta história
irreal, sem conclusão,
tais aquelas de memória
contadas no barracão.

Me propus contar a vida
das vidas de um só vivente,
relatar vida por vida,
passo a passo, uma por uma,

e me encerro certo, certo
de não ter história alguma.

3.

A não ser que não se saiba
bem certo o que é ser viver,
se converta a ação em ato
de morrer e nunca abrir

os olhos para a paisagem
num grande hausto de aspirar
a aurora nova das coisas
e dos bens da terra no ar;

a não ser que se concebam
as coisas tais elas são
e não se mova uma palha
para a sua transformação.

4.

Transformar como quem abre
na pura estrela do dia
as tapagens da vontade
contra a voz neutra, vazia.

Transformar como quem dobra
a ilusão, com toda fé,
como envira de munguba
na textura do topé.

Transformar como quem rompe
os gritos num só grito,
eficaz tal como o golpe
da gaponga no igapó

ou como a clave distante
do machado a transformar
a mata verde em coivara
disposta para plantar.


A PALAVRA


Rio se integra
com seu mistério
como a cachaça
no corpo do homem.

Abre a janela
da fala e cala
dentro da boca
a flor brotada.

Rebenta o grito,
quebra o silêncio,
aurora o dia
e volta nova.

É corpo do homem
que não se acaba
rio que integra
esta palavra.


ROMANCE DO BANHO

Era morena tostada,
forte, esbelta como um cão,
os cabelos eram claros
de saboroso castanho;
longas tiras escorriam
na costa vincada em curvas
– eram cobras encravadas
no dorso de uma raiz;
o calcanhar era firme,
seu andar arroliçado,
as ilhargas mal roçavam
nas pregas da saia fina.

*

Fendeu-se o cerrado verde
de patativas e anus,
filhos de caba, sol quente,
ventos gerais, água e mel;
ela vinha – balde, cuia,
dentes expostos, carnudos
os lábios, flor de papoula
a cantar e a se despir.

*

Ela vinha, mas menino
balador de patativas,
não sabia descobri-la;
pressentia apenas vagos
sons das patas elegantes
dos poldros do meu instinto,
rachando cones de pedra
no meu raciocínio mole.

*

Ela esfalfou-se nas águas,
misturou-se com os peixes,
camarões a beliscaram,
escamas, pés, gumes virgens;
o relampeio das palmas
como línguas de uma faca;
a sombra escura no fundo,
as coxas alvas e turvas;
peixes, menina de banho,
anáguas brancas ao sol.


FARIAS, Elson. Do amor e das fábulas. Rio de Janeiro: Artenova, 1970. p.43-52
FARIAS, Elson. Romanceiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990. p.89, p.58-59



VIOLETA BRANCA
Violeta Branca nasceu em Manaus em 1915, e faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 2000. Primeira mulher a ingressar numa academia de letras no Brasil, a Academia Amazonense de Letras, em 1937. Integrou também o Clube da Madrugada. É autora de Ritmos de inquieta alegria (1935); e Reencontro: poemas de ontem e de hoje (1982).


POEMA DAS TUAS MÃOS

As tuas mãos nervosas, quentes, largas,
harpejam nos meus sentidos
a música ideal da emoção.

Para os teus dedos criadores,
sou o piano mágico vibrando
ao influxo de tua ardente inquietação.

Tuas mãos frementes,
arrancam angústias sonorizadas
de meus nervos,
que se retesam como cordas harmoniosas.

Tuas mãos imperiosas,
tuas mãos rebeldes,
cantam silenciosas aleluias de gestos,
quando compõem poemas de volúpia,
gritos incontidos de alegria pagã,
correndo ligeiras,
leves,
torturantes,
no teclado branco de meu corpo...


VOLÚPIA

O beijo que deste no meu pulso
cobriu de angústia
a forma imaterial dos meus sentidos.
Não percebeste o latejar das veias
ao contato de teus lábios,
e nem adivinhaste
que foi o prazer que me fez silenciar...

Teu beijo teve a agudez
de um estilete inutilizando o meu pudor.

Não viste o sangue
que afluiu à minha boca?

Foi a volúpia falando
Na eloquência da cor.


EXTASE

Percorri os caminhos essenciais da alegria e do amor.
Pequei na embriaguez emotiva 
dos sons, das cores
dos contatos e dos sabores,
na amarga delícia de fugir de meu próprio espírito,
para viver 
a vida unânime dos sentidos.
Percorri os caminhos abertos às emoções humanas
na ânsia total
de desvendar o sortilégio da alma,
a aflição da carne,
o transcendentalismo do pensamento.
Percorri todos os caminhos,
rolei em abismos transfigurados,
pairei em surtos infinitos,
vivi ascensões vertiginosas 
e descidas rápidas de estrela cadente,
quando, como uma alvorada luminosa,
que se abre
numa imitação rubra de rosas matinais,
eu percorria
os caminhos essenciais
da beleza e de esplendor,
vibrando, extasiada, na glória suprema de ser
a escrava pagã
da alegria e do amor.


BRANCA, Violeta. Ritmos de inquieta alegria. Manaus: Valer, 2004. p.86, p.113



ROGEL SAMUEL
Rogel Samuel nasceu em Manaus em 1943. Poeta, escritor, doutor em letras, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor de Crítica da Escrita, 1979; Manual de Teoria Literária, Editora Vozes, 14 edições; Literatura Básica, Editora Vozes, em 3 volumes, 1985; O que é Teolit?, Editora Marco Zero, 1986; 120 Poemas, 1991; Novo Manual de Teoria Literária, Editora Vozes, 6ª. Edição, 2011; O amante das amazonas, Editora Itatiaia 2a edição, 2005; Fios de luz, aromas vivos, Fortaleza, Expressão Gráfica Editora, 2012; Teatro Amazonas, Edua, Manaus, 2012. Sócio Correspondente da Academia Amazonense de Letras.


NÃO TENDO CHEGADO AS FLORES
       De primavera, gozo o prazer
de dar-te a prévia rosa
queiramos ou não que desabroche
na mão da tua lâmina terna
e sem dizer o que devemos
ponho os olhos nos limites da estrada.
Quem assim te afague, ó meu amor
que ainda te amo como agora
folha da tua árvore querendo
ver-te como estrela
o mais de sobretodas as senhoras
olham de perto o incerto par.
Sejamos lógicos com estas grinaldas
de primavera que inventei sem peso
me apaixonei sem me aproximar.


PROCURO A FALA ADEQUADA
         e o dizer fácil
rara rima
como toque
de carimbo

Talvez não veja a originária poesia
          na lucidez vazia
saída da velha lei

Quero o verso, quero o verso
        que diga um pouco do mundo
a pular para outros tons
menores, porém profundos


NÃO GOSTO DE COISAS FUGIDIAS
      que me escapam antes de as ter
      Amo os remansosos laços
que assistem, calmos, nos passos
e voltam ao lar, feito pássaros
         fáceis
no ar do espaço aberto entre montanhas
         plácidas
E pensamentos lógicos
sem rápidas inquietações
         pouso anguloso da estrada
onde nos abrigamos para uma única
         noite de eterno



LUIZ BACELLAR
Luiz Bacellar nasceu em Manaus, a 4 de setembro de 1928, e faleceu em 2012. Em 1959, recebeu o prêmio Olavo Bilac, conferido pela Prefeitura do antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro), pelo seu livro de estreia Frauta de Barro. Em 1968, recebeu o Prêmio de Poesia do Estado do Amazonas, pelo livro Sol de Feira. É autor de Frauta de Barro (1963); Sol de Feira (1973); Quatro Movimentos (1975); Pétalas do Crisântemo (1985); Quarteto (1998); Satori (200); Borboletas de fogo (2004); Quatuor (2005).


VARIAÇÕES SOBRE UM PRÓLOGO

Em menino achei um dia
bem no fundo de um surrão
um frio tubo de argila
e fui feliz desde então;

rude e doce melodia
quando me pus a soprá-lo
jorrou límpida e tranquila
como água por um gargalo.

E mesmo que toda a gente
fique rindo, duvidando
destas estórias que narro,

não me importo: vou contente
toscamente improvisando
na minha frauta de barro.

É o tema recomeçado
na minha vária canção.


II

Jorre a módula toada
com seu churriante humor
que sempre com ar de magia
sai o canto do cantor.

Canto como u’a menina
colhendo amoras no mato
(com medo de estar sozinha)
num tom faceto e gaiato.

Se vires, leitor, o que há de
agreste no que aqui trouxe
com estas canções que colhi,

sentirás minha saudade
provando o gosto agridoce
das amoras que escolhi...

É o tema recomeçado
na minha vária canção.


III

Nos longes da infância paro;
Há uma inscrição sobre o muro:
Frauta clara, arroio escuro,
frauta escura, arroio claro.

E esse cavalo capenga?
E esse espelho espedaçado?
E a cabra? E o velho soldado?
E essa casa solarenga?

Tudo volta do monturo
da memória em rebuliço.
Mas tudo volta tão puro!...

E, mais puro que tudo isso,
essa anárquica inscrição
feita no muro a carvão.

São temas recomeçados
na minha vária canção.


CANTIGA DO AMANHECER

O ovo do sol
canta nas landes
uma cantiga de gemas
com as claras nuvens
batidas de ventos.

Ovo da nhambu
a casca azul do céu
se abre em passarinhos
que já chilreiam
no choco desse ovo louro.

Pelo pasto verde claro
vai aquele touro novo
em seu cortejo
de borboletas
retouçando o dia
que recomeçou quando o voo
do ovo se derramou.
Amanhecia.


QUARTETO (excerto)

Eis que, da Primavera, o olente passo
já se ouve sobre o manto que a campina
despe; o olmo elegante a fronde inclina
à brisa recebendo em verde abraço.
Se entrechoca na fonte o cristal baço
do gelo liquescente; a peregrina
canção da cotovia matutina
se dilui pelo ar de eflúvios lasso.
Antes que Flora o matizado cetro
deponha e se emudeça o brando pletro
que entoa à páfia déa hinos e preces,
nua orgia de cores – infinitas! –
tudo em torno de amor vibra e palpita,
só tu, meu coração, não reverdeces...

E AINDA








   

Fonte de Pesquisa

ALMAACREANA.BLOGSPOT



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